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X-Men: Fênix Negra é um final indolor para a franquia | Crítica

A FOX quer apelar para nosso emocional com esse desfecho mutante representado em X-Men: Fênix Negra, principalmente no marketing. E não é à toa.

Relembrando as origens

A poucos meses do fim (a FOX foi comprada pela Disney e a franquia será reiniciada num futuro longínquo), a produtora parece ter caído na real e se lembrou de que os mutantes representam, além de grandes e clássicas histórias nos quadrinhos, a primeira franquia de super-heróis em equipe bem-sucedida do cinema. Isso começou lá em 2000 com o primeiro filme, que por sua vez teve em sua sequência uma excelente produção em 2003, bem falada até hoje.

Depois disso, X-Men 3: O Confronto Final foi péssimo em todos os sentidos, trazendo o arco da Fênix Negra dos quadrinhos para as telas em 2006. Com derivados do Wolverine fracassando, resolveu-se trazer novos atores e investir na ambientação retrô de Primeira Classe (2011) para uma nova leva de personagens como Xavier (James McAvoy) e Magneto (Michael Fassbender), trazendo alguns elogios e otimismo de volta aos mutantes.

O problema veio em 2014 com Dias de Um Futuro Esquecido, onde a FOX corrigiu aos trancos sua confusa linha do tempo, mas com uma abordagem que ficou para trás da Marvel Studios, que já estava bombando na sua cruzada cinematográfica. Por fim, Apocalipse comprovou o que estava na cara, com um filme pouco envolvente e visualmente mal resolvido. Outro legado dessa produção de 2017 foi novas versões de mutantes icônicos como Ciclope, Tempestade, Noturno e Jean Grey.

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Toda essa recapitulação é para mostrar que X-Men: Fênix Negra é um erro desde sua concepção. Sou um entusiasta de boas ideias desde que sejam bem executadas, mas não havia nenhuma justificativa para que repetissem uma ideia que já havia dado errado em 2006. Além disso, a nova turma de mutantes não havia ganho seu devido desenvolvimento em tela e isso impossibilitou muita coisa.

Como o convencimento de que Sophie Turner é uma Jean Grey à altura da personagem. A semelhança no aspecto físico ajuda bastante, mas como atriz não é possível entregar a melhor da atuações de uma das estrelas da série Game of Thrones. O roteiro apressado ocasiona num excesso de explosões emocionais que não passam muito disso.

É verdade que o começo do filme indica bons momentos. A interação entre Xavier e Jean é bem trabalhada na introdução, e no desenrolar da trama até que se sustenta bem. No caso do Professor X, há uma opção por explorar seu orgulho como diretor dos mutantes que parece fora do ideal para o momento.

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Ao menos é com esse contexto que temos o melhor momento do filme em seu início, com a equipe trabalhando junta e indo operar um resgate no espaço. Cada herói tem suas habilidades valorizadas, sob o comando da Mística (Jennifer Lawrence), que acaba virando muleta para o desenvolvimento da trama. A mim soou bastante preguiçoso, mas pode ser que não incomode você e outros espectadores.

Jessica Chastain encabeça a vilania num papel que não demanda muito da atriz, por mais que seja elogiável a diferença entre sua versão antes e depois da influência alienígena, mostrando que um grande ator ou atriz faz a diferença mesmo quando não é muito exigido. A motivação de sua raça, no entanto, passa mais uma vez pelo campo comum quando tratamos do assunto em outras obras.

Visualmente, Fênix Negra não apresenta nenhuma novidade. Temos os efeitos do teletransporte do Noturno que já eram maravilhosos desde 2003, os poderes climáticos da Tempestade e os raios lazer de Ciclope bem usados. Em relação a Jean, há um esboço de identidade visual aplicado pela Força Fênix, mas isso acaba ficando exagerado no final, causando um desgaste visual no desfecho. O abuso da câmera lenta corrobora com isso.

X-Men: De Volta ao Lar

É preciso destacar também a forte interferência que o filme sofreu após a aquisição da FOX pela Disney. Tanto que há notícias afirmando que algumas coisas foram alteradas e refilmadas por se parecerem muito com Capitã Marvel. Isso não ajuda muito, pois temos um retalho do que foi pensado originalmente para o projeto.

Levando em conta o potencial desastre que poderia ser, fica o alívio de que a morte dos X-Men na FOX não foi algo sofrível. No entanto, não é um filme que deve habitar seus pensamentos por muito tempo após a sessão. Os mutantes precisam de bons anos de descanso, para que a Marvel Studios possa se planejar e entregar algo que honre seu legado dos quadrinhos – e também dos primeiros dois filmes da franquia.