Greta Greta

Greta | Crítica

Longa conta uma história de solidão com atuação incrível de Marco Nanini

O cinema nacional vive atualmente uma de suas melhores fases. Além do sucesso de Bacurau, outros longas estão chegando em cinemas de arte e mostram a qualidade das histórias que podem ser contadas aqui na terrinha. É o caso de Greta, de Armando Praça, vencedor dos prêmios de melhor filme, melhor direção e melhor ator no Cine Ceará 2019. Confira nosso review sem spoilers a seguir.

A trama de Greta começa com Pedro (Marco Nanini) um enfermeiro que leva sua amiga no hospital uma noite e acaba libertando um criminoso. O filme, então, segue contando a história dessas pessoas e suas relações.

Um dos temas principais do filme é a solidão e o que isso pode fazer com uma pessoa. Os personagens estão em estados decadentes e se agarram ao que possuem para poder terem um pouco de felicidade. A direção é minimalista, passando esse sentimento de abandono em locais fechados e claustrofóbicos. Ponto positivo para a fotografia, que geralmente consiste em câmeras paradas em closes ou planos americanos, nos mostrando somente uma parte do que está acontecendo na cena. Dessa forma nos sentimos como os personagens do filme: perdidos, sozinhos, confusos e sem entender exatamente o que está acontecendo à nossa volta.

Marco Nanini está fenomenal no papel, logo nos primeiros minutos já entrega performances que dão dicas da sua transsexualidade de forma bem sutil. O personagem tem um peso da idade, de escolhas erradas e da própria infelicidade nas costas, sempre curvado e se movendo de forma devagar. Mas Pedro (ou Greta) não é um coitadinho, sua personalidade é forte, muitas vezes fazendo o papel de mãe. Somente nos seus momentos mais frágeis vemos como sua vida é infeliz e solitária.

Greta é uma obra de arte, mas não é um filme fácil de assistir. O seu enfoque na tristeza e decadência pode doer em muitas pessoas mais sensíveis. Mas é uma linda história de pessoas quebradas e os sacrifícios que fazem para buscar algo simples como a felicidade. Fica-se uma crítica sobre a forma de representar a vida de pessoas LGBTQ+, pois temos uma abordagem com tristeza e derrota. Sei que isso é a realidade em muitos os casos, mas seria bom ver filmes, com essa temática, que celebrem mais a vida e o amor.

Dito isso, Greta não é completamente triste, entregando cenas até agridoces, com uma felicidade que não é ideal, mas aquela melhor que aquelas pessoas vão conseguir. As vezes a vida é assim mesmo.