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Liga da Justiça | Crítica

Liga da Justiça já está entre nós num filme à altura dos seus personagens

A culminância do que começou a ser construído no ano de 2013, com o lançamento de “Man Of Steel” dirigido por Zack Synder, finalmente aconteceu. “Liga da Justiça” está entre nós. Sob a direção de Snyder e Joss Whedon, o longa reúne a equipe famosa dos quadrinhos na tela. A mais nova adaptação do universo compartilhado da DC nos cinemas, fazia a expectativa no coração dos fãs crescer, e não decepciona.

Após os eventos de “Batman V Superman“, o mundo ainda sente o luto pela morte de Superman. Bruce Wayne (Ben Affleck) investiga pistas a respeito de uma iminente ameaça de outro mundo que está vindo a terra, junto de Diana Prince (Gal Gadot), os dois estão a procura de super seres, afim de montar uma frente de defesa para a terra. Dado este esqueleto, temos a nossa obra.

O primeiro ato inicia-se de forma a situar os personagens já apresentados até então, e para introduzir de fato os outros heróis restantes. A narrativa nesse momento transita de forma rápida, porém cuidadosa, se atendo a importância dos seus núcleos e entendendo que cada um deles precisava de seu tempo certo em tela para firmar bem a presença deles na história. Três dos protagonistas não tiveram filmes solo, então necessitava-se dessa dinâmica.

A duração do longa é muito bem aproveitada, não são duas horas e vinte minutos que não se justificam, ou que preenche tempo com fan services gratuitos que não influenciam em nada dentro da história. Não existem subtramas onde não sei vai a lugar algum, o enredo é preocupado com o cerne principal e com os eventos e consequências dele mesmo, e não com o que pode vir em vindouros filmes.

O roteiro que ficou a cargo de Chris Terio (Batman V Superman) e Joss Whedon, cumpre o dever de casa e apresenta uma trama concisa, fechada e que não deixa pontas soltas, segue a fórmula de um bom filme de super heróis. E mesmo assim, consegue ter uma autenticidade bastante perceptível. Um bom ponto que vale ressaltar com extrema importância, é que roteiro não tenta ser maior do que ele é, e a filosofia que o cabe é de fácil entendimento, identificação e crescimento, sem apelar para diálogos de botequim. Compreendendo seus alicerces, o desenrolar dos eventos nos leva a causa e consequências das obras passadas.

O elenco é entrosado e a química entre os atores faz com que todas as cenas quando estão juntos, funcionem. O que poderia ser um grande desastre se os personagens interagindo entre si, em um filme de equipe, não surtisse um efeito de empatia com o espectador e entre eles mesmos. Ezra Miller (Barry Allen/Flash), é um dos que mais se diverte em seu papel, e transfere com leveza e naturalidade o quão bem ele entendeu o personagem e quão à vontade ele estar o interpretando, em consequência disso, gerando o alívio cômico principal do filme. Humor esse que é pontual e nunca perdendo a linha do foco principal, sem perder o tom, pontual.

Jason Momoa (Arthur Curry/Aquaman) projeta uma visão bastante interessante de um personagem que a muito fica sendo alvo de bullying (por assim dizer) por parte dos fãs.  É uma interpretação cínica, possui carisma e presença, o nome Momoa já o precede, mas apesar disso, ele entrega um Aquaman a altura do esperado. Ray Fisher (Victor Stone/Cyborg), talvez seja o mais preto e branco do elenco principal, mas não é ruim, contribui e guarda potencial. Gal Gadot (Diana Prince/Mulher Maravilha), continua com sua excelência em encorporar a amazona, possui fibra e carisma, Ben Affleck (Bruce Wayne/Batman), juntamente com Henry Cavill (Clark Kent/Superman), talvez sejam os que mudaram um pouco mais suas interpretações, mudanças estas que foram bastante significativas do ponto de vista positivo da coisa.

A fotografia segue o padrão Snyder de visual, cenas com grandes planos abertos com uma luz de fundo projetando silhuetas, os famosos slow motions, e a herança “videoclípica” mais uma vez marcando presença ao som de uma música pop balada. Mas algo deve ser levado em consideração, “Liga da Justiça” foi um filme que passou por várias modificações, desde a sua concepção até sua direção e roteiro. Infortúnios aconteceram com Zack Snyder, o que o levou a deixar a direção do longa nas mãos de Joss Whedon, que agora integra o time. Apesar de não ser creditado como um dos diretores do filme, Whedon dirigiu e refilmou cenas, foi creditado apenas como roteirista. Tendo isso em vista, existe mais cor e menos paletas dessaturadas e flares azuis. Tudo isso, claro, respeitando ainda a estética visual estabelecida por Zack, porém, incrementando-a, e deixando-a mais atrativa.

Dito isto, essa cor exalta a figura de Superman, finalmente o mostrando como a figura de esperança que ele deve ser, se preocupando com os civis, os deixando em primeiro plano, deixando de lado a filosofia de seu pai. “eu deveria ter os deixado morrer no ônibus, pai?”; “talvez”. Não, não, não.

A ação é bem orquestrada e não cai no erro de usar a famosa câmera tremida, optam por usar planos abertos com cortes precisos, sempre situando onde a batalha está acontecendo e o que está havendo nela. Num filme de super heróis, e dessa magnitude, tem que existir a exploração do que esses seres podem fazer com suas habilidades especiais, então chega a ser até contemplativo por um ponto de vista. A luta nunca é intimista, é aberta, é visível. O CGI é presente em peso, mas é em prol da narrativa e da história. O fator diversão é elevado e faz parte inerente dessa nova concepção estabelecida,  deixando claro os novos caminhos que essa franquia pode seguir.

O visual do vilão, o Lobo da Estepe, é imponente e sua presença chega a dar um certo medo, mas não chega a ser nada inovador ou deveras inspirado. Seu objetivo enquanto o antagonista dos heróis, é bem dimensional, mas o que se destaca é o fato dele citar “Darkseid” em seu plano. Mas na essência, existem os “minions“, que são os parademônios, e o grande chefe. O fator positivo é como se desenrola os fatos.

É importante observar o que algumas mudanças na equipe criativa podem acarretar em uma obra como essa. Geoff Johns se juntou como o supervisor do universo compartilhado da DC nos cinemas, Johns entende os quadrinhos da Detective Comics como ninguém, sendo o mesmo roteirista de diversas histórias aclamadas, e Whedon o acompanha nesta missão como coordenador criativo, ele que ficou responsável por toda a fase dois da Marvel Studios. Mesmo após as conturbações que o longa sofreu, não se percebe uma mudança crítica de tom nas cenas, possui uma linearidade e um esmero para com a obra apresentada.

Contudo, existem dois defeitos que não chegam a prejudicar com força a obra no todo. Estas são: No início do filme, temos o luto mundial pelo Superman, como se ele tivesse se tornado o símbolo de esperança que tanto pregam, mas não deu tempo dele ter se tornado isso, não é mostrado. O segundo é o clímax, é empolgante, bonito, mas é apressado e deixando um gosto de “quero mais” e não no bom sentido.

Liga da Justiça” teve um filme a altura de seus personagens, com uma história boa, com uma narrativa concisa e com personagens carismáticos. Tudo que uma excelente história sobre super heróis deve ter. A DC está chegando no jogo, e tudo o que pode vir a seguir, possui chances exponencialmente grandes de virem a ser obras de excelência.