My Beautiful Broken Brain, documentário da Netflix, traz os dramas que uma vítima de derrame cerebral pode enfrentar
Depois de sofrer um derrame aos 34 anos e perder a fala, Lotje fez de sua recuperação um projeto, gravando frustrações e conquistas ao reaprender a falar, ler e escrever.
Produzir um documentário sobre si mesmo não deve ser uma tarefa das mais fáceis, ainda mais quando você sofreu um derrame cerebral recentemente. A determinação de Lotje é talvez o maior destaque de My Beautiful Broken Brain, documentário exclusivo do catálogo Netflix onde ela reproduz os principais momentos de sua recuperação após sofrer um AVC. Ou será que não é recuperação?
Segundo o World Stroke Organization (WSO), 17 milhões de pessoas sofrem um AVC por ano, sendo que um terço não sobrevive. No Brasil, é a doença que mais mata superando o câncer e infarto.
Trata-se de uma doença severa. Na melhor das hipóteses (a não morte, obviamente) precisamos de diversos cuidados especiais e atenção diferenciada demandando muito mais tempo para realizar tarefas antes consideradas normais. No caso de Lotje, vemos ela se apegando ao irmão Jan e outros amigos, que por sua vez não se prepararam corretamente para lidar com sua nova condição onde ela precisa lidar com a afasia, por exemplo, que é uma deficiência de linguagem e dificuldade pra sequenciar, filtrar informação e saber o que é mais importante.
Em alguns momentos a câmera simula a visão de Lojte, onde seu lado esquerdo enxerga normalmente enquanto no direito ela vê “uma outra dimensão”, como se ela estivesse presa numa cena de Twin Peaks, série cult criada por David Lynch e Mark Frost em 1990. Lynch, aliás, é a grande inspiração da garota em My Beautiful Broken Brain tanto nas palavras quanto na estética, com direito a uma aparição do diretor no final.
A mensagem principal do filme demora um pouco para ficar evidente, mas vem como uma recompensa tanto para Lotje quanto expectador entender que de nada adianta querermos que as coisas voltem a ser como era anteriormente. “Novo cérebro, nova existência e nova aprendizagem” ela afirma em determinado momento, evidenciando que sua vida agora não é definida por qualquer limitação, mas pelo que vem pela frente. Teve um início e terá um final, mas o meio é completamente novo.
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