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A Favorita | Crítica

Empatado com Roma como os filmes com mais indicações ao Oscar 2019, A Favorita está concorrendo a 10 prêmios e vem como um dos favoritos e grandes nomes na premiação desse ano. Confira nossa crítica sem spoilers do filme abaixo.

Na Inglaterra no século 18, durante uma guerra com a França, a rainha Anne (Olivia Colman) é influenciada politicamente pela duquesa de Malborough (Rachel Weisz), mas essa posição privilegiada é ameaçada pela nova criada Abigail (Emma Stone). O filme então mostra toda a intriga política e jogo de influências da corte inglesa.

Após ver o filme, não é nenhuma surpresa que o longa esteja indicado a tantos prêmios no Oscar. A Favorita é um filme tecnicamente impecável, com um roteiro preciso, fotografia bela e atuações fenomenais. O diretor grego Yorgos Lanthimos vem de um cinema bastante autoral e independente trazendo filmes cult como O Lagosta e O Sacrifício do Cervo Sagrado, mas em A Favorita ele entrega um filme mais palatável mas sem perder a esquisitice e a acidez de seus trabalhos anteriores.

Fotografia interessante

Um dos aspectos mais interessantes que salta aos olhos inicialmente é sua fotografia. A Favorita é um filme bastante claustrofóbico que se passa praticamente dentro do mesmo palácio. Mas o pouco que é mostrado do lugar é com maestria. A direção de arte, figurino e maquiagem fazem o máximo para mostrar todo o luxo e pompa do local e do período histórico. Toda essa futileza é reforçada pelos diálogos prepotentes e motivações dos personagens que se preocupam muito mais com suas posições sociais do que com o povo para quem servem, algo que infelizmente é assim até hoje.

Existem alguns detalhes da fotografia que são bem interessantes, em praticamente todas as cenas os personagens são fotografados de baixo para cima, mostrando que os mesmos tem um ar superior e se sentem acima de todos. Em paralelo, a rainha que representa a posição política mais alta ali, é uma personagem frágil que é sempre fotografada de uma forma a lhe deixar ainda mais necessitada e menor que os outros. O diretor de fotografia Robbie Ryan (Oeste Sem Lei) usa em alguns momentos uma lente “olho de peixe” a fim de mostrar mais do cenário em volta e dar uma distorcida desconfortável na imagem, fazendo um paralelo com a mente dos personagens.

Como falado antes, as atuações estão impecáveis e muito bem orquestradas com o texto ácido e crítico. Tanto que as três atrizes principais estão indicadas, um destaque para Olivia Colman que entrega uma rainha muito frágil e louca em certos momentos. O filme todo é bem feminino e coloca as mulheres em posições de poder, algo que está sendo mais buscado em Hollywood. Os homens do filme tem posição de poder mas sempre precisam das mulheres para influenciar a rainha por baixo dos panos para conseguir seus favores políticos.

A Edição e montagem são outros pontos altos do filme. O diretor decide em muitos momentos fazer sobreposição de imagens e sons misturando cenas e takes diferentes para passar mensagens opostas. Em diversos momentos o som de uma cena começa bem antes da mesma começar, misturando-se com a cena anterior e lhe dando uma significação completamente nova.

Por todos esses aspectos técnicos e subjetivos A Favorita merece todas as indicações que recebeu e é um dos favoritos para o Oscar 2019. O filme de Yorgos Lanthimos é crítico, com um roteiro magnífico e tecnicamente impecável. Acredito que a única crítica que tenho para a obra é a confusão que pode acontecer com o espectador no início caso não esteja muito a par da organização política da Inglaterra, mas com o prosseguimento da trama você vai entendendo melhor o contexto e a posição dos personagens em tela. A Favorita é um filmaço que merece ser visto no cinema e apreciado em toda sua majestade (trocadilho proposital).