Os filmes dos Irmãos Coen possuem temas e narrativas que se repetem, geralmente temos uma boa pitada de humor negro, passando pelo tema da morte de uma forma leve e muitas vezes contemplativa, geralmente em histórias que não possuem uma moral. Em A Balada de Buster Scruggs não é diferente, confira nossa crítica sem spoilers.
A Balada de Buster Scruggs é o novo filme dos Irmãos Coen (Fargo) produzido pela Netflix, o filme é uma antologia de 6 curtas passados no velho oeste. Cada segmento tem seus próprios personagens e histórias, mas todos lidam com temas como morte lidados com um humor negro típico dos irmãos diretores. O longa conta com atores como Liam Neelson (Busca Implacável), James Franco (O Artista do Desastre), Brendan Gleeson (Harry Potter e a Ordem da Fênix) entre outros.
Não quero dar muitos spoilers sobre as histórias porque acredito que uma das diversões do filme é descobrir sobre o que será o próximo conto, mas dentre os segmentos mostrados temos gêneros diferentes que acabam conversando entre si. Temos um bizarro musical no velho oeste, comédias de humor negro, um romance no melhor estilo Coen e até mesmo um conto de terror bastante subliminar. Nem todos os contos são bons, eu particularmente achei a história do James Franco bem fraca, mas todos os curtas são divertidos de serem assistidos e muito bem filmados.
Um dos pontos altos da obra é sua fotografia que se aproveita bastante do cenário do oeste americano, seja nos seus desertos, pradarias ou neve. A técnica narrativa dos Coen mostra esses cenários e situações cotidianamente absurdas em cenas épicas onde ficamos procurando o sentindo no que acabamos de ver. Junto com os enquadramentos também temos o uso da cor sendo muito bem usado em diversos momentos. Existe uma cena que se inicia no pôr-do-sol dentro de uma carruagem e, enquanto os personagens conversam, a cor vai ficando cada vez mais escura e azulada enquanto a noite cai. Uma linda transição que ainda conversa com a mensagem passada pelo segmento.
O texto é muito preciso e cheio de mensagens escondidas. Os olhos menos treinados podem achar que os diálogos dos personagens não desenvolvem a história, mas devemos prestar bem atenção a esses detalhes e temas que são passados até nos mais simples dos diálogos ou nas situações absurdas. Em certos momentos é bobo e engraçado, mas em outros é reflexivo e existencial.
A Balada de Buster Scruggs traz 6 histórias muito bem contadas sobre o velho oeste com a visão única dos irmãos Coen. Nem todas as balas desse revólver acertam o alvo em cheio, mas todas são divertidas de assistir e refletir depois. Aqueles que não estão acostumados com a narrativa dos irmãos podem achar que as histórias não terminam, que falta alguma coisa ou que não dizem nada, mas esse é o grande trunfo desses diretores, contar histórias que falam muito sem precisar de um final super climático ou uma moral da história expositiva.