Mundo Estranho reúne equipe de ponta da Marvel e entrega o melhor tie-in de Guerras Secretas
*Arco ainda não publicado no Brasil, ou seja, possíveis spoilers a seguir!
E o melhor tie-in de Guerras Secretas não veio para o Brasil. A opção mercadológica da Panini pode até se justificar se levarmos em conta o desconhecimento geral a respeito de Weirdworld (Mundo Estranho em tradução não oficial), mas no final das contas quem sai prejudicado é o leitor ávido por material de qualidade.
Em Mundo Estranho acompanhamos Arkon, o Senhor dos Senhores da Guerra que busca um meio de retornar ao seu lar, Polemachus. Acostumado a grandes batalhas e desafios ao longo da vida, o bravo guerreiro será desafiado de maneiras inimagináveis para atingir o seu objetivo, como combater a tirania da bruxa Morgana Le Fay, baronesa do Mundo Estranho à serviço de Destino.
Quem cuida do roteiro de Mundo Estranho é Jason Aaron, o mesmo de Thors e de toda a saga do Deus do Trovão (além de outros bons trabalhos como Star Wars) que precedeu o megaevento Guerras Secretas. Seu trabalho aqui continua excelente, mas com evidente maior liberdade narrativa para explorar todo esse pedacinho particular do Mundo Bélico numa epopeia ao melhor estilo Conan, o bárbaro criado por Robert E. Howard no início do século passado. O Mundo Estranho é um lugar para os perdidos e desesperados encontrarem seu lugar, e o modo como o texto nos leva até lá envolvente.
Para coroar o capricho desse tie-in, os desenhos de Mike Del Mundo são de babar. O artista traz uma verdadeira experiencia cinematográfica com ângulos e focos diferenciados. Também vale elogiar as cores (trabalho desenvolvido com Marco D’Alfonso), que reforçam ainda mais a proposta da história de oferecer uma experiência única e marcante.
Outro aspecto interessante é o das diversas referências de Mundo Estranho além de Conan, trazendo personagens que não apenas homenageiam grandes sagas, mas servem de forma orgânica para a história. A Rainha do Pântano pode muito bem ser comparada com Galadriel de O Senhor dos Anéis, enquanto na parte da ação podemos facilmente identificar cenas de filmes como Apocalypse Now (na cena onde Martin Sheen chega sorrateiramente pelo rio).
Arkon não é um personagem tão conhecido assim, tendo aparecido pela primeira vez em 1970 na revista The Avengers #75, fazendo parte de um universo paralelo ao 616 da Marvel Comics. No fim das contas, Mundo Estranho peca por ser o melhor tie-in da saga, pois sabemos que dificilmente virá ao Brasil pela Panini, mas não custa nada ter esperanças. O fato de ter na figura do Homem-Coisa (outro personagem pouco famoso) o maior elo com o resto da Marvel Comics, essa esperança se compara ao desejo do protagonista em reencontrar seu lar.