Tie-in de Guerras Secretas serve para, acima de tudo, manter a Capitã Marvel em seu devido lugar de destaque
A liberdade criativa que alguns autores tiveram no megaevento Guerras Secretas não parece ser replicada em Capitã Marvel e a Tropa Carol, e isso provavelmente se dá pela importância da personagem para a Marvel não apenas dos quadrinhos, mas também dos cinemas.
Nesse tie-in de Guerras Secretas, Carol Danvers (Capitã Marvel) é a líder do Esquadrão Banshee, uma equipe de elite da aviação do Campo Hala, local do Mundo Bélico regido pela Baronesa Cochran, que por sua vez está à serviço do Deus Destino. Carol passa a questionar sua superior – e o mundo ortodoxo pelo qual responde – ao acreditar na existência de algo além do céu, atitude considerada uma heresia aonde vive.
É interessante como em cada tie-in pode ser trabalhado de forma diferente a crença ou questionamento ao Deus Destino nesse Mundo Bélico. Em A Saga de Korvac, por exemplo, isso vem através da loucura, enquanto em Capitã Marvel e a Tropa Carol tudo surge a partir de uma simples desconfiança e indagação da protagonista numa conversa com Kit, sua outrora admiradora que nessa hipótese de mundo faz parte da Tropa Thor.
Fora isso, o roteiro de Kelly Sue DeConnick junto com Kelly Thompson não mostra grandes inovações, mas faz bom uso de personagens da própria mitologia atual da Capitã Marvel como Rhodes e Helen Cobb. Porém, como todo personagem de ponta na Casa das Ideias, há um gancho bem firme para sua revista pós Guerras Secretas (e praticamente todos sabemos que o protagonismo de Carol vai crescer bastante até Guerra Civil II). Há também um tom de aventura bastante agradável, com dosagens de humor como nas cenas de manobra aérea (“a coisa”). Tudo com os belos traços do espanhol David López.
Capitã Marvel e a Tropa Carol mostra o quanto é importante ter mulheres à frente de personagens femininas, provando que a qualidade não depende de gênero, algo um tanto óbvio mas que necessita de constante reafirmação nos quadrinhos e em qualquer mídia.