Crítica | Homem-Aranha e os Campeões N° 1

HQ escrita por Mark Waid e desenhada por Humberto Ramos apresenta a reformulação dos Campeões, com a geração adolescente de heróis da Casa das ideias

Sempre escrevo as resenhas de quadrinhos do CosmoNerd focado em arcos fechados, encadernados e historias que possam atingir o publico sem que precisem ter uma carga pesada da cronologia confusa das HQs de Super-Heróis. Mas eis que, em uma de minhas idas a Reboot Comics, me deparo com um novo trabalho mensal do roteirista Mark Waid (Reino do Amanhã) e estampando uma revitalização de uma equipe esquecida, que tinha em seu seleto grupo personagens como Anjo, Hércules, Viúva Negra, Homem de Gelo e Motoqueiro Fantasma, os dispensáveis Campeões.

Mas Os Campeões do Waid possuem proposta e uma carga emocional diferentes, são jovens personagens que buscam o lugar deles no mundo e a mensagem em que eles acreditam, eles precisam comprar ou uma visão já estabelecida pelos bastiões heroicos desse universo, ou uma ideia completamente nova de identificação.

“Ajudem-nos a ganhar do jeito mais difícil… do jeito certo… sem ódio ou vingança…com inteligencia e esperança. Ajudem-nos a ser CAMPEÕES!”

Na primeira parte da HQ, vemos a Miss Marvel (Kamala Khan) em meio de uma ação dos Vingadores contra a Gangue da demolição, e as perdas causadas pela ação do pretenso grupo Salvador, acaba incomodando mais e mais Kamala, que percebe que pessoas super-poderosas precisam ter mais responsabilidades com os outros, tentar ajudar da melhor forma possível, sem precisar causar tanto dano a vida dos civis. Ela se impoe como protagonista e diz que esta errado, que o velho ditado do tio Ben, não deveria nunca sair das mentes de todos os poderoso.

“Com grandes poderes…”

Kamala resolve ir além, e unir um seleto grupo de jovens guerreiros, que compactuam com a visão da Miss Marvel, que sentiram muito as perdas perpetradas em mais uma guerra Civil entre os heróis.

Eis que se unem a equipe o jovem Nova (Sam Alexander), Homem-Aranha (Mile Morales), Hulk (Amadeus Cho), Viv (Filha do Visão) e um integrante surpresa que surge apenas na segunda historia, Scott Summers, o Ciclope, mas em sua versão jovem, que veio do passado e ficou preso em nosso tempo.

Mas como inspirar as pessoas, como se deve fazer o certo, com tão pouca experienciaria e tanto ainda por aprender?

Percebemos nestas duas primeiras historias, não só a busca pelo heroísmo e protagonismo dessas personagens, mas também a busca por suas identidades, longe de seus guias e protetores, longe de uma supervisão viciada que quem sabe, poderia estar levando as jovens mentes para o caminho de sempre, que não os fazia pensar no outro, nos pequenos problemas.

“Quero fazer justiça sem usar a força injusta. Nada de linchar ou matar. Vocês não querem isso?”

Kamala faz a mente guia da equipe, a líder tentando se descobrir, cheia de duvidas, mas com a certeza de que quer ajudar os menos favorecidos, utilizar seus poderes com sabedoria, e não com julgamentos imprecisos, eles são todos jovens, perdidos e desconexos, mas com um força de querer ajudar o outro, que une a todos, mesmo com todos os problemas comuns da adolescência.

O traço do Humberto Ramos, apesar de muitas pessoas não gostarem, me pareceu bastante fluído e me fez acreditar nos personagens, ele conseguiu mostrar a equipe como adolescentes que são, sem os músculos protuberantes (Ok, no Hulk tem bastante) e as poses desproporcionais, são jovens, e se movimentam como jovens, e isso é um ponto alto na construção da narrativa visual. Os roteiros de Waid, como sempre são extremamente agradáveis de ler, ele consegue dar voz própria a todas as personagens. Cada um tem seu tom certo, e ninguém se torna pasteurizado.

É uma HQ para atrair a identificação de um jovem publico, que busca a mesma identidade que eu tive ao ler Homem-Aranha pela primeira vez, aquele jovem, desconexo e cheio de duvidas, falou comigo, algo que sentia falta nas HQs atuais. Espero ver jovens leitores, sentido-se representados nas paginas dessa nova revista mensal, e que a sensação de cumplicidade e similitude dos leitores a acompanharem as aventuras dos Campeões, sejam a mesma que eu tive, mesmo não sendo uma HQ escrita para mim, ela falou com aquele jovem leitor que fui um dia.

Vocês podem encontrar as mensais de Homem-Aranha e os Campeões, nos nossos parceiros da Reboot Comics.