Qualquer tipo de produção criativa, na minha humilde opinião, tem que deixar uma marca em quem a experienciou. No mínimo, pro bem ou pro mal. Pode ser um sentimento bom ou ruim, na verdade; quem não tem algum filme ou jogo tão ruim, mas tão ruim, que você nunca mais esqueceu (ou melhor, ele deu a volta e virou um favorito), né? Eu comecei a jogar Super Adventure Hand pensando que teria alguma coisa pra levar dele, nem que fosse a ideia de “verdade, né, um jogo que você controla uma mão”… mas acho que nem foi isso.
Super Adventure Hand é, definitivamente, um dos jogos já feitos na história. Perceba que eu não disse que ele é ruim, ou quebrado, ou que não funciona. Na verdade, ele é um jogo de plataforma 3D bem funcional, onde você controla uma mão, procurando a sua amiga caneca de café em cada fase. Por ser uma mão, pode escalar paredes e carregar objetos, mesmo que com um sistema de física e uma câmera bem esquisita. Principalmente se tentar fazer truques muito malucos, a câmera do jogo vai piruletar mais do que a própria mão e é fácil se perder ou acabar caindo.
Além disso, bom, não tem muito o que realmente chamar atenção aqui. Os cenários são bem genéricos, com ilhas de pedras no meio do nada, algumas caixas e outros elementos. As texturas também não mudam conforme as fases passam: ou seja, não há uma narrativa além de um grande apanhado de níveis que parecem ser colocados de forma aleatória um depois do outro. Um ou outro nível chama a atenção por usar uma mecânica mais diferente — como andar de skate ou de carrinho —, mas também não é capaz de deixar uma marca em quem jogou.
A estrutura de Super Adventure Hand também não oferece muitas coisas além de completar as fases. Existe um incentivo para speedrunners, com um ranking de “joinhas” para terminar cada uma o mais rápido possível. O único coletável são dedais que estão escondidos pelas fases — muito escondidos, inclusive, com 1 ou 2 no máximo em fases bem grandinhas. Elas permitem uma customização da mão e contam para zerar o jogo por completo, mas às vezes ficar procurando onde elas ficam entre tantas pedras iguais não é tão divertido assim.
Essa personalização do “protagonista” é provavelmente um dos únicos momentos de inspiração de Super Adventure Hand, com várias opções divertidinhas de coisas para o pulso, o dedo anelar e as unhas. Dentre tantas coisas genéricas é legal sair andando pelos mapas com um minirrelógio de sol, um anel de docinho e as unhas verde-neon. Uma divertida e bem bonita cutscene (desenhada à mão!) no começo do jogo é o outro respiro de personalidade e dá mais contexto para a aventura, mostrando como os pés com olhos malvados atacaram a mão e separaram ela do braço.
Dá pra ver que teve um trabalho bem-feito em Super Adventure Hand, pelo menos na parte mecânica que (quase sempre) funciona bem em seus níveis pouco inspirados. Mas o visual genérico e sem graça, a falta de qualquer tipo de narrativa ou progressão de lore e, de verdade, a ausência de qualquer momento interessante tornou a experiência bem mediana. Quando você joga por 2 horas, faz quase metade das fases e a única coisa do qual consegue lembrar é uma mão num skate, talvez seja a minha memória que precisará de uma mãozinha pra se lembrar do que aconteceu.
Super Adventure Hand está disponível para PC na Steam e no Nintendo Switch.
*Uma cópia do jogo foi gentilmente cedida ao CosmoNerd pelos desenvolvedores para a produção deste texto.