A convite da Espaço Z e Universal Brasil, o CosmoNerd foi conferir NÓS, o mais novo filme do diretor Jordan Peele (Corra!), com Lupita Nyong’o no papel principal
Jordan Peele chamou bastante a atenção do mercado após o impactante Corra! onde foi indicado no Oscar de 2018 nas categorias de melhor filme, melhor ator, melhor diretor e arrastou na categoria Melhor Roteiro Original, mostrando assim que precisamos ficar atentos a esse cineasta. Com Nós (Us, 2019), ele faz mágica novamente.
É um filme que nos mostra que um bom roteiro aliado a uma direção competente e tensa, pode produzir grandes obras no melhor verbo CINEMA!
Em Nós, Jordan nos apresenta a ainda criança Adelaïde, que apenas curte um passeio em um parque dos EUA na década de 80. Mas como toda criança, os pais nunca devem tirar os olhos delas, pois elas gostam de desbravar e o que ela encontra vai marcá-la por toda a sua vida, deixando marcas irreparáveis.
Damos um salto temporal e somos introduzidos a uma Adelaïde (Lupita Nyong’o) já adulta e casada com Gabe (Winston Duke), um engraçado e divertido personagem e seus dois filhos, Zora (Shahadi Wright Joseph) e Jason (Evan Alex). A família segue para merecidas férias na praia. Detalhe, é a mesma praia que Adelaïde teve seu encontro traumático anos antes.
As sequências propositadamente longas de cenários comuns, trazem um desconforto que a narrativa precisa, pois sentimos o tempo todo que algo esta fora do lugar. O olhar de Adelaïde denuncia isso, gerando uma baita angústia no espectador.
Mesmo com todo o alivio cômico, presente na forma de escrever e dirigir de Jordan, sabemos que em qualquer momento, essa aura bizarra vai surgir.
A personagem da fantástica Elisabeth Moss, Kitty Tyler e seu esposo Josh (Tim Heidecker) são os mais fúteis possíveis, fazendo você pensar: “poxa, estão ai pra que?”. São pais estranhos, com uma casal de gêmeas que possuem uma necessidade bizarra de mostrar seus dotes acrobáticos…mas tudo isso tem um motivo.
A família retorna para seu lar e ai, tudo vai desmoronar! Imagine o conceito de iguais, provindos de algum subsolo obscuro e esquecido por homem e Deus. E se cada pessoa tivesse um igual, uma sombra cheia de raiva e rancor por ter sido relegada ao nada?
E mais: que o universo deu as costas e essa sombra, distorcida de nossos personagens viesse revindicar aquilo que lhe é de direito?! Esses pedaços desconstruídos de “Nós” emanam na superfície em busca do que lhes pertence, em busca de vingança e sangue, que o passado de Adelaïde irá cobrar, custe o que custar!
Não quero neste texto trazer spoilers para vocês, afinal, NÓS é uma baita experiência que cada um deve aproveitar em toda a sua essência.
Nomes de peso
A atuação de Lupita são arrebatadoras, de uma forma que o olhar dela incomoda muito, deixando a essência do desconforto a cada minuto de filme. E quando ela precisa ser a outra, a RED, ela o faz com maestria absurda. Elisabeth Moss mostra o porque é um dos grande talentos de sua geração, mantendo o alto nível e nos mostrando uma atuação visceral quando o momento pede.
O elenco infantil é um destaque à parte, é impressionante como eles conseguem dar conta de algo tão exposto e sanguinário. Winston Duke é o alivio o tempo todo, e pedimos para que nada de grave aconteça com ele, pois é ele quem nos trás o respirar quando estamos tenso na cadeira do cinema.
Muito se fala como Jordan mostrou uma baita critica social em Corra! E aqui ele consegue de forma delicada e pontual, deixar a sua critica, ao tratar questões de como o outro se enxerga, quem é dono de que. Também é abordado os muros físicos e mentais que criamos para nos separar do que consideramos não fazer parte de nossa sociedade, os segregados que não merecem a terra de leite e mel, os que não fazem parte da “minha AMERICA”, aqueles que não fazem parte do conjunto social, que não é um de “NÓS”!
Um grande elenco, com um diretor/roteirista que está marcando o seu nome entre os grandes, só pode nos presentear com uma grande obra! Se Jordan Peele continuar a trilhar o caminho que vem seguindo, vai estar figurando em breve entre os grandes nomes do cinema, pois ele, acima de tudo, é ousado e visceral, algo que falta no cinema atual.