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Morte Morte Morte

Extremamente divertido e sarcástico, Morte Morte Morte (Bodies Bodies Bodies, 2022) é um “Agatha Christie para jovens”, mas vai muito além disso. Usando o jogo do título, no qual um “assassino” designado tenta matar outros jogadores no escuro, tocando-os sem ser identificado pelos sobreviventes – e como isso aparentemente acaba desembocando em mortes reais -, para satirizar o comportamento humano, em especial alguns debates mais complexos, como questões raciais, de gênero, xenofobia, porte de armas etc.

Tudo discutido na boca de jovens ricos reunidos em uma mansão durante uma tempestade. É a fórmula perfeita, simples e eficiente, que a diretora Halina Reijn encontrou para entregar esse terror diferente, e ao mesmo tempo tão familiar, para os fãs do bom e velho whodunit (o “quem matou?”), tudo isso embalado por ótimas atuações de um elenco engajadíssimo. Por exemplo, Maria Bakalova se destaca em um papel típico da protagonista com rostinho de neném, ou como o impagável Lee Pace, o divertido Pete Davidson, e as ótimas Rachel Sennott, Amandla Stenberg, Chase Sui Wonders e Myha’la Herrold. E uma trilha sonora que varia de bandas alternativas a composições esperadas no gênero.

As mortes não são tão gráficas como em outros slashers, ainda que uma ou outra aqui mereçam atenção, mas a resolução improvável é de dar água na boca e ultrapassa um mistério à lá Pânico, sendo tão inesperado quanto foi a experiência em Maligno – mas com caminhos bem distintos, vale ressaltar. Com a resposta se formando minutos antes do fim, a cineasta não subestima seu público e deixa a interpretação do óbvio a cargo do espectador, sem ficar mastigando o desfecho parte por parte, como Hollywood gosta de fazer. Mas aqui estamos falando de A24, e a A24 sabe como oferecer a melhor experiência, ainda mais quando situada no campo do suspense e do terror.

E quando esse gênero recebe uma thread repleta de diálogos ácidos e humor cínico, fica melhor ainda.