Joias Brutas traz o melhor de Adam Sandler | Crítica

Adam Sandler é mundialmente conhecido por suas diversas comédias pastelões, como O Paizão (1999), Tratamento de Choque (2003), Espanglês (2004), Click (2006) e muitos outros. No entanto, ele já demonstrou ter uma boa aptidão em lidar com papéis dramáticos e complexos, como em Reine Sobre Mim (2007) de Mike Binder, em Embriagados de Amor (2002) de Paul Thomas Anderson, e na colaboração com Noah Baumbach, Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe (2017). Em Joias Brutas (Uncut Gems, 2019), de Josh e Benny Safdie (Bom Comportamento, 2017), Sandler se entrega em um personagem digno reconhecimento.

Na trama, acompanhamos alguns dias da rotina caótica de Howard Ratner (Sandler), um comerciante de joias das ruas de Nova Iorque, casado, com filhos, uma amante e cheio de dívidas e dúvidas sobre seus rumos. Desde o início, o filme é veloz nos diálogos, nas cenas e nas apresentações dos personagens. E isso demonstra um pouco como é o dia a dia de Howard: uma confusão.

A história começa quando uma opala negra é descoberta na Etiópia, África. Ao chegar na mãos de Howard, ele irá leiloar o precioso mineral para conseguir pagar suas dívidas. Canastrão, piadista e preciso nas palavras, Sandler consegue desenvolver um bom personagem junto dos secundários do filme, como Demany (LaKeith Stanfield), que leva clientes para a loja de Ratner para conseguir dinheiro em cima das vendas; a amante jovem e sexy (Julia Fox) que mostra o lado cômico, e nas cenas com a esposa Dinah (Idina Menzel), apresentando uma face confusa em relação ao que ele acredita e preza como família.

Em Bom Comportamento, os irmãos Safdie já emulavam essa direção mais dinâmica, com um roteiro sem fôlego e uma filmagem mais apressada. Com um plano centrado nos rostos dos personagens e as movimentações das câmeras, a direção ajuda nessa ambientação eufórica que o filme busca trazer. Com toda certeza, você ou alguém ficará incomodado com o ritmo frenético da trama.

Joias Brutas é divisivo. Acredito que a estética urbana, os diálogos, a ambientação e a fotografia, junto da curiosidade sobre o que vai acontecer no final de toda a jornada de Howard Ratner, deve segurar você até o final – bem inesperado, por sinal. Sem dúvidas, aqui temos o melhor, e talvez, mais complexo personagem de Adam Sandler (até o momento).