Michael Bay mostra disposição para fazer o que sabe melhor com Esquadrão 6, longa estrelado por Ryan Reynolds
A promoção de Esquadrão 6 pela Netflix foi algo muito prazeroso durante a CCXP 2019, onde a empresa de streaming trouxe para o Brasil ninguém menos que Ryan Reynolds. A ação manteve a tradição da plataforma em promover muito bem filmes que não são lá grande coisa, como aconteceu com Bright em 2017 (trazendo o astro Will Smith para o evento) e em 2018 com Bird Box, protagonizado por Sandra Bullock.
A trama aborda uma misteriosa equipe formada por pessoas dadas como mortas, sob a liderança de um rico bilionário (Ryan Reynolds). O objetivo? Derrubar um sanguinário ditador de um país desconhecido.
A partir dessa premissa, podemos dizer que até mesmo Sylvester Stallone é um melhor diretor que Michael Bay, vide que temos aqui uma história muito parecida com a de Os Mercenários (2010). Esse lance de derrubar líder autoritário é uma das coisas mais manjadas de Hollywood, mas dessa vez o nível é ainda mais baixo.
Primeiro porque quem está destinado a assumir o país é o irmão do tirano, que aparentemente passou a vida inteira tomando doses homeopáticas de democracia a ponto de ganhar coragem de se aliar ao Esquadrão 6 – enquanto passou sua vida se beneficiando do sistema autoritário em que viveu. Segundo, por que as motivações de todos são rasas e não justificam tanta destruição causada nas missões.
A narrativa do longa é evidentemente pensada apenas a partir da sala de edição, com cortes bruscos, às vezes errados e fora do tempo ideal. Tudo isso para beneficiar um ritmo que faça sentido na cabeça do diretor – e não do espectador em busca de algo que o aproxime dos personagens. Para fins de comparação, digo que é muito mais fácil assistir às três horas e meia de O Irlandês (bom filme de Martin Scorsese para a Netflix) do que meia hora de Esquadrão 6.
Dentre diversas falhas que o roteiro oferece, a principal delas é a falta de respiro entre as cenas. Parece que o objetivo é mostrar o máximo de locações possíveis, então não fique surpreso se, em poucos minutos, um dos personagens tenha viajado para uns três países diferentes. Tudo isso regado a muito drone, trilha bacana e pôr-do-sol, assinatura emblemática do diretor Michael Bay.
Para quem conseguir acompanhar tudo, é possível filtrar algumas cenas interessantes, como a do iate-ímã ao final da história, que rende sequências de ação menos cansativas.
É como um Transformers sem veículos que viram robôs.
O elenco não tem culpa de nada. Ryan Reynolds vive um personagem que parece estar preso num dia da marmota do Deadpool, repetindo o mesmo tipo de sacada bem humorada em meio a situações caóticas. O carisma do ator é testado ao ponto dele ganhar uma frase motivacional periodicamente. Outra figura interessante que compõe a equipe é Mélanie Laurent, a Shosanna de Bastardos Inglórios (2009).
No final das contas, Esquadrão 6 se beneficia da grande oferta de filmes desse final de ano, onde poucas pessoas se prestaram a tecer comentários sobre esse videoclipe problemático. Aliás: alguém assistiu?