A representatividade no MCU. Universo de filmes da Marvel pode contar com personagens LGBT.

Não é de hoje que o assunto sobre representatividade toma conta das manchetes dos jornais e das rodas de conversa ao redor do mundo. Cada dia que passa a necessidade de abordar o tema torna-se maior e é natural que os olhos da população estejam voltados especialmente para a cultura pop. Filmes, séries, jogos e quadrinhos cada vez mais fazem parte do cotidiano de milhões de pessoas. Com um alcance mercadológico gigantesco, é difícil imaginar um cenário melhor do que esse para tratar do assunto. Principalmente quando os super-heróis estão na boca do povo. A bola da vez é Capitão América: Guerra Civil, que já é um enorme sucesso de crítica e público, o que pode ser muito atribuído ao trabalho de Joe e Anthony Russo.

Os irmãos – que já haviam dirigido Capitão América: O Soldado Invernal e vão cuidar de Vingadores: Guerra Infinita – aproveitaram uma entrevista ao site Collider para comentar justamente sobre essa questão da representatividade e as chances de vermos personagens LGBT no MCU. Joe Russo enxerga como uma responsabilidade dos contadores de histórias, especialmente aqueles que gozam de um enorme sucesso. “Acho que as chances são fortes. Quero dizer, é uma incumbência para nós, como contadores de histórias que estão fazendo filmes de sucesso, de fazer isso com a maior diversidade possível”Além de cutucar Hollywood e a indústria cinematográfica por ainda se manter atrasada em relação ao assunto. “É triste como Hollywood fica para trás das outras indústrias de forma tão significante, primeiro porque você imagina que terá uma indústria sempre se desenvolvendo, e, segundo, por ser uma indústria com tanta visibilidade. Então, acho que é importante que nós continuemos lutando por mais diversidade em todas as frentes possíveis, porque então a narrativa fica mais interessante, rica e verdadeira”.

Já Anthony Russo comentou sobre o quanto a Marvel se sente segura em assumir alguns riscos e que isso os motiva a usar de certa ousadia em determinados momentos. “Há uma filosofia na Marvel, que o sucesso faz correr riscos ser algo mais fácil. Existem muitas ideias pouco convencionais em “Guerra Civil” em termos de expectativas sobre um filme de super-heróis, mas acho que conseguimos fazer isso porque “O Soldado Invernal” deu certo e a Marvel tem funcionado de um modo geral. Então tem muito mais ousadia em termos do que você pode fazer e até onde consegue ir. É muito importante continuarmos cada vez mais ousados nas nossas escolhas”. Pode até não parecer, mas é de extrema importância que os Irmãos Russo reforcem esse coro. Uma vez que até o todo poderoso Kevin Feige já comentou sobre o assunto.

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Em meados de junho do ano passado, novamente em uma entrevista ao Collider, Kevin Feige comentou que existe uma vontade no Marvel Studios de incluir personagens LGBT em suas histórias. Mas que essa decisão vai sendo lapidada com o passar do tempo e que pelo menos até 2019 – ano de estreia da segunda parte de Guerra Infinita – não existirá a possibilidade de isso acontecer. Vale lembrar que o MCU foi alvo de muitas críticas em um passado recente por não ser muito inclusivo em relação a outras etnias e por deixar suas personagens femininas em segundo plano. O episódio envolvendo as linhas de brinquedos de Vingadores: Era de Ultron é um exemplo, não que seja culpa exclusivamente da Marvel, mas é reflexo de um cenário adverso.

O fato é que as coisas estão mudando aos poucos. O Pantera Negra estreou em Guerra Civil e terá um filme para chamar de seu. Homem-Formiga e Vespa colocará a personagem vivida por Evangeline Lilly como a primeira protagonista em um filme do MCU. Em seguida teremos o filme solo da Capitã Marvel, que também pode contar com uma diretora. Em Jessica Jones, série da Netflix, tivemos o primeiro casal gay das séries da Marvel. A DC Comics também não está querendo ficar para trás. A Mulher-Maravilha arrebatou o coração do público, em Gotham tivemos o relacionamento entre Renee Montoya e Barbara Kean. No mundo dos quadrinhos a presença de personagens LGBT é maior, mesmo que ainda exista uma enorme disparidade se compararmos com a quantidade de personagens héteros.

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Um ponto importante é que a inclusão desses personagens seja feita de uma forma que eles possam se desenvolver e não apenas para atender uma demanda. É comum encontrar em outros meios um personagem gay que está ali apenas para cumprir uma cota. Feito da forma correta, esse processo pode ser absorvido da melhor forma possível por todos os públicos. Já que nem tudo são flores e uma boa quantidade dos fãs mais tradicionais não costumam reagir bem ao assunto.

Os fãs mais empolgados já começam a ter ideias para a fase 4 da Marvel nos cinemas. A maioria envolve Wiccano, Hulkling e os Jovens Vingadores. Mesmo que algumas questões contratuais impeçam uma abordagem 100% fiel, ainda é um caminho que pode ser seguido. No mais, o que nos resta é torcer para que esse tabu seja quebrado e que cada segmento da sociedade tenha seu espaço dentro da cultura pop.