I Am Mother é uma das mais novas jóias da Netflix. O filme conta a história de uma garota criada por um robô em uma instalação isolada, mas ela começa a duvidar da sua realidade quando conhece uma sobrevivente do mundo lá fora. Leia aqui nossa crítica sem spoilers ou continue lendo para nossa análise e explicação do final.
Maternidade
Um dos temas principais do filme é a maternidade. Para ser bem desenvolvido, ela é abordada de diversas formas diferentes. O primeiro aspecto mais óbvio é o nome do robô e a forma como ele cuida da protagonista. No início, vemos diversos aspectos da gestação e maternidade sendo feitos de forma artificial. Temos a gestação do feto em uma máquina e ele sendo aquecido e recebendo vitamina D enquanto é pegue nos braços.
A robô trata a garota como filha da forma como muitos são criados. Ela cuida, alimenta, ensina, dá dicas de vida mas também a protege demais mantendo-a presa. Dessa forma, podemos relacionar a forma como a menina é tratada como de muitas pessoas pelo mundo. Apesar de ter tudo que ela precisa ali dentro daquela instalação, a sua “mãe” mente sobre o mundo lá fora e faz de tudo para quela ela se torne uma adulta “perfeita”. Isso não é diferente do que vemos em muitas famílias.
Outro detalhe importante e provavelmente pensando é a semelhança entre as duas atrizes humanas do filme. A personagem da mulher sobrevivente funciona como uma referência materna humana para a garota. Ela é tudo que a mãe proibiu a menina de ser, independente, forte, egoísta e falha, como uma humana. A menina fica a todo momento imaginando como seria ter uma mãe e uma vida humana, como deve ser.
Para finalizar, temos também o uso de Maria como símbolo de maternidade. No filme, a personagem de Hilary Swank é devota de Maria. Podemos ver isso quando ela reza uma Ave Maria enquanto está presa e nas imagens da santa em sua “casa” depois. Maria é um dos símbolos mais universais de mãe que temos atualmente, mas diversas culturas possuem outros símbolos para representar a maternidade. A religiosidade e espiritualidade da mulher é uma forma de fazer um contraponto com a artificialidade da máquina.
A Origem da Mulher
No final do filme, vemos a mulher recebendo a visita de uma robô parecida com a Mãe. O robô então a questiona perguntando por que ela não se lembrava de seus pais. Dessa forma, podemos interpretar que a mulher também foi criada em laboratório e seu propósito era justamente testar a ética da garota. Ela não chegou ali aleatoriamente, ela foi criada e “programada” para chegar naquele lugar e naquele momento para testar se o treinamento da garota foi um sucesso. Terminando o seu propósito, ela foi exterminada pelo robô.
Esse final nos faz questionar sobre o livre arbítrio. Nessa realidade, os humanos estão sendo cultivados por robôs para se tornarem pessoas melhores, tendo treinamentos específicos voltados para certos propósitos. Será que isso é muito diferente do que vivemos hoje?
O Plano da Mãe
Da metade para o final do filme começamos a entender qual o plano real da Mãe. Pegando os detalhes do filme, podemos perceber o que aconteceu com a humanidade. A consciência coletiva dos robôs percebeu que o ser humano era uma praga que ficava se matando e exterminando o planeta. Mas, ao mesmo tempo, eles entendem que a vida humana é preciosa e merece ser preservada. Então, aconteceu alguma guerra entre humanos e robôs com a vitória das máquinas.
Agora, os humanos são criados artificialmente nesses complexos e cada humano é treinado para trabalhos específicos. O plano da Mãe, ou da consciência coletiva dos robôs, é apagar os humanos do passado e criar uma nova geração de humanos eticamente perfeitos, para que eles não cometam os mesmos erros do passado. Para fazer tudo perfeito, todos os humanos que falhavam em seguir exatamente a programação criada eram mortos.
O final de I Am Mother
No final, a garota consegue convencer a Mãe de que aprendeu tudo ao valorizar a vida do seu irmão acima de tudo. A garota recebeu um treinamento específico para ser uma mãe demonstrou que aprendeu bem no final do filme. Percebendo isso, a Mãe acabou dando uma chance para que ela mostrasse o que aprendeu, lhe deixando viva e dando a ela a responsabilidade de cuidar do complexo. Ela agora vai treinar uma nova geração da humanidade para que seja melhor e não cometa os erros do passado.
No final, vemos que o título do filme se refere tanto ao robô que cuidou da garota mas também a ela mesma. Pois, na conclusão da história, ela que vai ser a mãe de toda nova humanidade que vai nascer.
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