DARK: Segunda temporada surpreende e supera a primeira | Crítica

A série alemã Dark da Netflix pegou todos de surpresa quando estreou em 2017. Muito comparam com um Stranger Things para adultos e elogiaram muito a qualidade de produção e roteiro da obra. Em 2019, tivemos a estreia da segunda temporada que traz uma narrativa mais direta e superior à primeira. Confira nossa crítica sem spoilers.

A segunda temporada de Dark traz os personagens que já conhecemos (em diversas linhas temporais) de volta. O Jonas do presente agora está em um futuro pós apocalíptico tentando voltar para seu tempo. Além disso temos os personagens do presente sofrendo as dores de quem sumiu e vemos também os resultados da viagem de Urich para o passado.

A primeira temporada termina de forma impactante colocando Jonas em um futuro sombrio. Apesar de aparecer pouco (provavelmente por questões financeiras), essa narrativa do personagem tentando voltar para casa é bem legal. Jonas aprende que houve um apocalipse no seu presente e é por isso que o mundo está assim agora. Com isso, a narrativa da série toma uma personalidade de bomba relógio, com cada episódio informando quando dias faltam para o mundo acabar. Cabe a Jonas voltar e resolver isso.

A narrativa de Dark na segunda temporada extrapola ainda mais a viagem no tempo, colocando personagens de linhas temporais diferentes para interagir e gerar novas relações através disso. Tenho que admitir que é difícil lembrar de cada personagem e suas relações com os outros em cada linha temporal. Mas essa confusão mental é o objetivo e marca registrada da série.

Essa relações entre personagens funcionam principalmente por causa do maravilhoso casting que consegue escolher muito bem atores para representar diferentes linhas temporais. Além disso, as atuações estão ainda melhores, o que nos faz entender as motivações e personalidades de todos envolvidos, ou nem tanto algumas vezes. A série opta por esconder muitas informações do público, uma das informações mais importantes são as motivações dos personagens que “mexem os peões”. É lógico que isso é uma escolha narrativa, mas em diversos momentos fica difícil de entender as ações realizadas pois não temos o contexto dos reais objetivos de alguns personagens.

No quesito das regras da viagem no tempo, a série possui uma convicção muito forte sobre como funciona a viagem na sua história. Pelo que percebi, em nenhum momento existem furos de roteiro sobre essa questão. Mas, como falei anteriormente, os momentos questionáveis do roteiro acontecem quando temos ações sem explicação de alguns personagens. Mas isso geralmente acontece por causa dos mistérios rondando seus reais objetivos. Precisamos esperar a próxima temporada para saber se foram problemas de roteiro ou se todos esses acontecimentos vão ser explicados depois.

Outro pequeno problema que atrapalha um pouco o ritmo da série é a quantidade de subplots adicionados. Existem alguns dramas e plots de personagens importantes para a história, mas há outros que parecem jogados só para fazer volume.

Tecnicamente, a série continua um primor. A fotografia consegue sempre trazer um clima sombrio e intimista do interior da Alemanha. Ela faz isso seja fotografando as florestas destacando todas suas texturas ou as ruas e estradas normalmente desertas. O trabalho de cor consegue muito bem diferenciar as linhas temporais, ajudando o espectador a se situar onde ele está em cada momento sem muita dificuldade.

A segunda temporada de Dark traz uma narrativa mais direta e com menos enrolação. Enquanto a primeira temporada se preocupou em introduzir personagens e suas relações, sacrificando um pouco o ritmo e avanço da história para isso, a segunda anda mais rápido. Parece que agora a série realmente se encontrou e entendeu o que o público realmente quer. Existe agora uma narrativa de bem e mal, o legal é que em vários momentos nós ficamos confusos sobre quem está de cada lado. Dark é recomendado para aqueles que não tem medo de quebrar um pouco a cabeça para aproveitar uma série que brinca bastante com as relações humanas, referências bíblicas e extrapolação dos conceitos de viagem no tempo.