De um longa mal resolvido que culminou na saída de Joss Whedon da Marvel, Vingadores: Era de Ultron ganhou muito mais pontos com o lançamento de Ultimato, tanto por melhorar seu caráter profético quanto por arredondar dramas de alguns personagens
A chegada de Vingadores: Ultimato é um marco na história do cinema. Em minha crítica do filme, defendo que se trata do maior evento de todos os tempos relacionado a produções da sétima arte, devido à dimensão que o lançamento da Marvel Studios abrange. Logicamente, isso não significa que não haja filme melhor (SPOILERS A SEGUIR).
Nessa ceara de filmes imperfeitos, temos Vingadores: Era de Ultron, um longa mal recebido dentro do largo catálogo da produtora. Havia, pois acontece que Ultimato chegou para encerrar um ciclo de mais de vinte filmes, e nesse sentido, a produção de 2015 dirigida por Joss Whedon é a grande beneficiada.
O que melhora?
Dizem que o maior desgaste com Joss Whedon foi o fato de Kevin Feige e a Marvel Studios forçarem a barra em alguns momentos, como insistir em inserções como aquela cena do Thor envolvendo as Jóias do Infinito, algo que soou desnecessário na época.
Outro fator que deixava o filme fora do foco principal (o vilão Ultron) era a atuação da Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen), plantando visões na mente dos heróis: Tony Stark (Robert Downey Jr.) vê todos mortos no futuro, Capitão América se vê de volta ao passado com Peggy, Thor vê a chegada do Ragnarok.
Tony se sente culpado por ver todos mortos e ele vivo. É nesse ponto que, mesmo inconsciente e afundado em seu refúgio tecnológico, começa a entender o valor do seu próprio sacrifício, culminando no estalo de Vingadores: Ultimato. Uma mudança e tanto para um playboy bilionário.
O curioso é que ele menciona, em diálogo com o Capitão América ao final de Era de Ultron, a possibilidade de viver numa fazenda, enquanto Steve Rogers (Chris Evans) tenta se conformar por não poder recuperar 75 anos perdidos.
E é justamente o que acontece ao final de Ultimato. Steve se inspira em Tony e percebe a possibilidade de ganhar seus anos perdidos com Peggy, tratando de não deixar nenhuma pendência antes de pensar em si: ajuda a salvar o universo, devolve as Joias aos seus lugares e nomeia seu sucessor (Sam Wilson, o Falcão).
A Viúva Negra, por sua vez, também tem seu futuro revelado de certa forma. Ao ser manipulada por Wanda, apenas o passado de Natasha (Scarlett Johansson) é contemplado na visão, dando a trágica sugestão que ela não teria um lugar no futuro.
Vale mencionar que, é em Era de Ultron que temos o começo de um embate ideológico mais acentuado entre Tony e Steve, algo que seria desenvolvido mais em Capitão América: Guerra Civil e se estenderia até esse encerramento.
Outro ponto bastante criticado e que ganha novos ares é a família de Clint Barton (Jeremy Renner), o ainda Gavião Arqueiro. Pareceu algo muito aleatório na época, mas toda a importância de sua esposa e filhos acaba servindo muito bem para a abertura de Ultimato, moldando o trauma que o levaria a atuar como Ronin, espalhando sangue pelo mundo, de modo implacável.
Claro que isso não torna Vingadores: Era de Ultron, um filme perfeito. Alguns problemas ainda prejudicam bastante, como o trato desleixado com Mercúrio, o vilão Ultron, e o romance entre Natasha e Bruce. Todos esses itens até que começam bem na direção de Joss Whedon, mas acabam caindo em desenvolvimentos falhos que renderam justas críticas na época do lançamento, em 2015.
Mas o exercício é bastante válido. Reveja Era de Ultron antes de uma nova sessão de Ultimato. Aliás, reveja quantos filmes da Marvel você conseguir.