Depois que você conhece o trabalho do japonês Junji Ito, fica difícil não colocar qualquer lançamento do autor à frente de sua lista de leituras pendentes. Isso porque trata-se de um mangaká extremamente habilidoso e inventivo ao criar seus contos de terror, lançando mão de uma narrativa igualmente envolvente. Desse modo, não demorei muito para conferir A Sala de Aula Que Derreteu logo após o mangá chegar em minhas mãos.
Novamente seguindo a estrutura de contos que resultam numa história completa, a trama principal acompanha os irmãos Yuma e Chizumi. O garoto é uma figura especialmente intrigante (e também insuportável): pede desculpas o tempo todo e para todas as pessoas que vê. A irmã, por sua vez, tem como diversão ficar perambulando pelas ruas assustando mulheres e crianças com sua aparência horripilante. As coisas passam a sair do controle quando, literalmente, o cérebro das pessoas passam a derreter por conta das ações dessa bizarríssima dupla.
Por que você precisa ler A Sala de Aula Que Derreteu
Se você for fã dos gêneros que contemplam o terror, essa é mais uma leitura indispensável para a sua vida. Originalmente, a obra foi lançada em 2015 e a qualidade do material é parecida com a encontrada anteriormente em Fragmentos do Horror e Frankenstein e Outras Histórias de Horror. Porém, talvez pela temática principal envolver colégio, ou então pela personalidade e dinâmica dos jovens irmãos ser tão explorada, é como se essa obra possuísse uma peculiar leveza, trazendo pinceladas de humor em diversas passagens. Corrobora com essa perspectiva o fato do autor não ter explorado tanto as questões do diabo que acompanha a dupla.
Esses fatores colocam a obra como, das que conheço, a mais indicada para quem quiser adentrar no universo de Junji Ito, podendo devorar o mangá em poucos minutos, mas com uma dose considerável de diversão. A estrutura narrativa é menos fragmentada aqui, diferente do que ocorre com o recém-lançado Frankenstein.
A arte do mangaká é reconhecida pela sua qualidade, mas não é aqui que você irá encontrar sua maior qualidade. Mas é claro que toda a criatividade em imaginar a anatomia humana com nauseantes variações não deixa de estar presente nesta obra.
A edição da Pipoca & Nanquim vem num acabamento especial com verniz localizado na bela sobrecapa, tendo como cereja do bolo um posfácio exclusivo escrito pelo próprio autor para os fãs brasileiros, onde ele fala um pouco sobre as inspirações para essa criação.
Por fim, A Sala de Aula Que Derreteu cumpre bem seu dever de causar um instigante incômodo nos leitores, quesito no qual Junji Ito pode ser considerado um dos mais bem-sucedidos. E não seria essa a missão das melhores obras?