Com mais de 30 mil câmeras espalhadas por São Paulo e um mercado que movimentou R$ 14 bilhões em 2024, segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (ABESE), o uso de tecnologias de reconhecimento facial na segurança pública é o tema do Profissão Repórter desta terça-feira, dia 22. O programa investiga como essa ferramenta tem sido utilizada para prevenir crimes, localizar desaparecidos e capturar foragidos — mas também mostra os impactos negativos que vêm preocupando especialistas e cidadãos.
Os repórteres Chico Bahia e Talita Marchiori visitam a central do Smart Sampa, sistema de videomonitoramento da Prefeitura de São Paulo. No local, imagens em tempo real de milhares de câmeras são analisadas por inteligência artificial, que identifica rostos e emite alertas às forças policiais. Segundo dados da Prefeitura, desde que foi implantado, o Smart Sampa já auxiliou na captura de 1.481 foragidos da Justiça. O mesmo relatório aponta que 23 pessoas foram confundidas e levadas por engano para delegacias, e outras 1.212 foram abordadas erroneamente, sem chegar a ser detidas.
A produtora de eventos Bárbara Maria Mendonça, de 39 anos, faz tratamento psiquiátrico em um posto de saúde próximo de casa. Em menos de uma hora, ela conta ter sido abordada por duas equipes diferentes da polícia. “Sempre fui caseira, mas agora fico ansiosa até para sair na rua, com medo de ser confundida de novo”, diz. O caso de Francisco Ferreira da Silva é ainda mais grave. Aos 80 anos, Francisco é aposentado, mas trabalha como voluntário cuidando de uma horta em um posto de saúde na Zona Leste. Em um dia comum de trabalho, foi abordado por policiais e levado à delegacia acusado de um crime que nunca cometeu. Ele conta que passou quase 10 horas detido, até que o erro fosse reconhecido.
O programa também mostra como a tecnologia tem se expandido para o setor privado. Os repórteres Everton Lucas e Francisco Gomes acompanham reuniões em condomínios da capital paulista e visitam empresas fornecedoras de sistemas de segurança com inteligência artificial. A reportagem revela como essas câmeras privadas têm sido integradas às investigações policiais.
No interior de São Paulo, a equipe de reportagem formada por Esther Radaelli e João Lucas Martins investiga um golpe que usa o reconhecimento facial de forma criminosa. Em cidades como Júlio Mesquita e Guarantã, idosos foram enganados por um golpista que usava fotos de seus rostos para obter empréstimos fraudulentos. O delegado Gustavo Pozzer explica como a biometria facial e a geolocalização das imagens foram exploradas para burlar os sistemas de segurança dos bancos.
O ‘Profissão Repórter’ vai ao ar nesta terça-feira, dia 22, logo após ‘Chef de Alto Nível’.