Nós Somos Nós marca início promissor da série com a estrela de Better Call Saul
O primeiro episódio de Pluribus, nova série criada por Vince Gilligan e estrelada por Rhea Seehorn, começa com uma contagem regressiva: faltam 439 dias e 19 horas para um evento misterioso que promete mudar o destino da humanidade. Nesse cenário, um sinal vindo do espaço profundo aparece nos servidores da NASA, despertando o interesse de cientistas ao redor do mundo. A origem é estimada em 600 anos-luz de distância, e entre os envolvidos há quem pareça compreender o significado oculto desse código extraterrestre. Confira o resumo do que rolou na estreia da série do AppleTV+:
Recapitulação do episódio 1 [ESTREIA] da série Pluribus, do AppleTV+
A contagem regressiva
O tempo avança para 71 dias antes do evento. Conhecemos Carol Sturka (Rhea Seehorn), uma escritora que se tornou fenômeno literário com um romance histórico voltado ao público feminino. Apesar do sucesso, Carol considera sua obra superficial e sente que perdeu a conexão com o que realmente quer escrever. Ao lado de sua parceira Helen, ela tenta lidar com a fama e a pressão, sem imaginar que o mundo está prestes a se transformar.
Quando o relógio marca 29 dias e 23 horas restantes, o foco se volta a um laboratório onde dois cientistas realizam experimentos com ratos. Um deles, aparentemente morto, desperta de repente e morde uma das pesquisadoras, Jenn. Ela entra em convulsão e logo o laboratório inteiro é tomado por uma infecção misteriosa. A transmissão ocorre por meio de beijos e contato com saliva. Em pouco tempo, todos os funcionários agem em sincronia, coletando amostras e realizando tarefas como se compartilhassem uma única consciência.
Em um momento simbólico, Jenn lambe todos os donuts do saguão, espalhando a contaminação. O vírus não apenas afeta o corpo, mas também a mente — criando uma rede coletiva de pensamentos e intenções.
O colapso
Com apenas três horas restantes, Carol e Helen estão em um bar, debatendo se Carol deve abandonar os romances comerciais para escrever algo mais autêntico. Do lado de fora, Carol observa o céu riscado por rastros de aviões perfeitamente paralelos — um presságio de que algo maior está prestes a acontecer.

Quando o caos começa, Helen é infectada e o vírus se espalha pelo bar. As pessoas entram em convulsão, enquanto Carol permanece ilesa. Tentando salvar a companheira, ela a coloca na carroceria de uma caminhonete e foge, assistindo à cidade tomada pelo fogo. Helen morre durante o trajeto, e, no mesmo instante, todos os contaminados ao redor parecem despertar do transe e voltam a se mover de forma coordenada, agora focando em Carol.
Quando um dos infectados tenta beijá-la e o método falha, todos repetem em coro: “só queremos ajudar, Carol”. A escritora foge novamente, enquanto a cidade se reorganiza sob um mesmo impulso coletivo — combatendo incêndios, movendo corpos e seguindo um padrão quase hipnótico.
A única imune
Carol consegue retornar para casa com a ajuda de dois vizinhos, que lhe indicam onde encontrar uma chave reserva. Ao observar pela janela, ela vê grupos carregando os mortos em caminhões, todos agindo de forma idêntica. Na televisão, a programação é interrompida por uma mensagem direta: “ligue quando estiver pronta”.
Atordoada, Carol entra em contato com um funcionário do alto escalão do governo, que afirma que ela está em segurança e deve permanecer isolada. O homem revela que o evento está ligado a uma tecnologia extraterrestre. O sinal de rádio detectado há quatorze meses não era apenas um código, mas uma fórmula recriada em laboratório — uma espécie de “cola psíquica” capaz de unir mentes humanas em uma só.
Carol é informada de que existem apenas onze pessoas no planeta que não foram afetadas pelo fenômeno. No entanto, o coletivo deseja que ela se junte a eles, completando o ciclo da nova consciência global.

Crítica do episódio 1 de Pluribus
A estreia de Pluribus confirma o retorno de Vince Gilligan ao formato de série com uma proposta que mistura ficção científica e crítica social. O episódio “Nós Somos Nós” utiliza a contagem regressiva para criar tensão e ritmo, revelando aos poucos a natureza do evento que ameaça transformar a humanidade em uma mente coletiva.
Rhea Seehorn entrega uma performance precisa, construindo Carol como uma mulher dividida entre o desejo de autenticidade e o medo da perda de identidade — dilema que se espelha no enredo do episódio. A narrativa alterna entre humor e terror, mantendo o equilíbrio que sempre marcou os trabalhos de Gilligan.
A sequência do laboratório é um dos momentos mais impactantes do capítulo, estabelecendo a lógica do vírus e a simbologia da fusão entre ciência e espiritualidade. Já o contraste entre a vida cotidiana de Carol e o colapso coletivo reforça a dimensão psicológica da trama.
Pluribus também dialoga com referências clássicas da ficção científica, como Star Trek e seus Borgs, ao sugerir uma sociedade que renuncia à individualidade em nome da unidade. Mas o tom cínico e introspectivo de Gilligan adiciona camadas de ambiguidade: o que é mais perigoso — a solidão ou a fusão de consciências?
O primeiro episódio encerra com mais perguntas do que respostas, mas estabelece de forma eficaz o ponto de partida para uma história sobre controle, empatia e livre-arbítrio em uma era dominada pela interconexão mental. Se o restante da temporada seguir o mesmo nível de construção narrativa, Pluribus pode se tornar um dos projetos mais provocantes da ficção científica recente.