The Investigator: A British Crime Story da Netflix tenta ser um Marking A Murderer europeu

Conduzido por Mark Williams-Thomas, The Investigator traz documentário sobre assassinato sem corpo para a Netflix

Diferente dos filmes de gênero originais Netflix, onde cada lançamento tenta dar mais sono que o anterior, os documentários de rede de streaming nos surpreendem com agradável regularidade. Temas polêmicos como racismo (13ª Emenda), estupro e bullying virtual (Audrie & Daisy) e até injustiça jurídica (Making A Murderer) ganham espaço com produções bem elaboradas, onde os temas são destrinchados de forma minuciosa e cativante ao mesmo tempo para entreter o espectador.

The Investigator: A British Crime Story é a mais nova série documental desse elogiável catálogo, trazendo para os assinantes uma história de traição, violência doméstica, ocultação de cadáver e uma detalhada apuração dos fatos ao longo de quatro episódios.

O caso em questão é o de Sam Gillingham, uma mulher atualmente reclusa que busca saber o que realmente aconteceu com sua mãe, após seu desaparecimento em 1985. O que supostamente era um abandono de lar se revela algo muito mais complexo onde, mesmo com uma implacável e determinada investigação de Mark Williams-Thomas, não há garantias de resposta.

Mark é um investigador inglês que possui no seu currículo a denúncia de crimes notórios como o caso de Jimmy Savile, apresentador britânico que abusou sexualmente cerca de 63 pessoas. Por não conseguir entrevistar os dois principais elementos da história (o marido Russel e a amante Patricia), a produção usa e abusa de dramatizações com atores (as entrevistas são todas reais). Isso tende a desprestigiar um pouco o resultado final, apesar de facilitar o envolvimento do ponto de vista emocional.

O grande problema de The Investigator: A British Crime Story é seu formato, que parece não atender o comportamento da maioria dos assinantes Netflix. Ao invés de consumir a série como maratona, o mais indicado é ver um episódio por semana já que, para reforçar as informações que a edição julga cruciais, há uma cansativa repetição desses dados frente ao medo de que o espectador fique sem entender os principais pontos. A preocupação é elogiável, mas faltou pouco para ser ultrapassada a barreira do insulto (e chamar logo quem assiste de burro). Ademais, há uma grande possibilidade de que você entenda o caso integralmente mesmo assistindo os dois últimos episódios apenas.

Comparando com Making A Murderer, exemplo mais próximo que podemos encontrar de produtos desse tipo na Netflix pelo seu cunho criminal, episódico e não-conclusão; The Investigator: A British Crime Story é um resultado um tanto enfadonho de uma competente pesquisa, mas não espere nada reflexivo depois de assistir. Making A Murderer ao menos alimenta uma forte teoria da conspiração envolvendo Estado + polícia para nos deixar paranoicos.