Gotham continua sendo terra de ninguém

A vida está cada vez mais difícil para Gotham. Em sua terceira temporada, ainda não é possível saber como encaixá-la no grupo de séries baseadas em quadrinhos. Parece existir uma certa crise de identidade, basta comparar a primeira temporada com o primeiro episódio da terceira. Muitas coisas mudaram e algumas premissas foram deixadas de lado. Claro, segue sendo uma produção focada na cidade que um dia o Batman irá defender, com todos os vilões clássicos dando seus primeiros passos e um jovem Jim Gordon tentando entender como o jogo funciona.

No primeiro episódio vamos acompanhando a dinâmica da cidade após os bombásticos eventos do final da segunda temporada. Mesmo após seis meses, as coisas parecem longe de voltar ao normal (se é que um dia já foram). Os experimentos feitos por Hugo Strange (B.D. Wong) estão tirando o sono da população e da polícia. Harvey (Donal Logue) e Barnes (Michael Chiklis) tentam segurar as pontas, enquanto Gordon (Ben McKenzie) – sofrendo mais uma vez com o jogo brutal de Gotham – deixou o distintivo de lado e ganha a vida como uma espécie de caçador de recompensas.

Longe do personagem que conhecemos nas HQ’S, Jim é sempre aquele que perde algo importante. E isso afeta seu desenvolvimento ao longo das temporadas. Se no início ele era o policial perfeito, que evitava ao máximo sujar as mãos, agora é alguém totalmente descrente do sistema. Apesar de manter a pose do herói, no fundo ele está quebrado. É interessante de acompanhar até certo ponto, mas fica a dúvida se isso vai sempre se repetir. Quem sabe não teremos alguma novidade nessa temporada que renove os ânimos para seguirmos acompanhando sua jornada.

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O núcleo dos vilões vai ganhar novos rostos ao decorrer dos episódios, mas por enquanto seguem sendo os mesmos de sempre. O Pinguim (Robin Lord Taylor) segue sua sina de tentar assumir o controle do submundo de Gotham, mas depois de um ótimo desenvolvimento na primeira temporada, parece que ele atingiu o ponto de maturação rápido demais. Apesar de um arco dramático na segunda temporada, ele ainda está longe de seu melhor momento. Tem ainda uma breve participação de Edward Nygma (Cory Michael Smith), que roubou a cena na última temporada. Fica a expectativa do que ele vai aprontar agora.

A novidade boa é a presença da Corte das Corujas, um elemento marcante das histórias do Homem-Morcego. Eles já haviam aparecido em alguns episódios do último ano, mas agora serão figurinhas carimbadas na temporada. Inclusive já começaram a movimentar as engrenagens da trama. Ainda não é possível descobrir o quanto eles serão influentes na temporada, mas fica a esperança de que não sejam subaproveitados.

Já a novidade ruim é o retorno de Fish Mooney (Jada Pinkett Smith). Ela já havia abandonado o mundo dos mortos na reta final da segunda temporada e agora está oficialmente de volta ao jogo. Fish já era uma das personagens menos interessantes da série desde o primeiro ano, mas os produtores decidiram que seria legal trazê-la de volta. Além de infernizar a vida do Pinguim, ela está em busca de uma cura para o experimento realizado por Strange. Não seria tão ruim assim se ela não conseguisse ¯\_(ツ)_/¯.

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Mas com tantos núcleos brigando pelo poder, está cada vez mais claro que Gotham é terra de ninguém, seja dos vilões ou dos mocinhos. Todo mundo tem seu espaço e cabe aos produtores entregarem uma boa história. A série tem potencial para atingir esse objetivo, mas não pode perder mais tempo.