Westworld volta para 2ª temporada na HBO com bastante tiro, porrada, bomba e anfitriões no poder
Vendida como uma sucessora de Game of Thrones (fenômeno mundial que em breve terá sua última temporada), a série Westworld conseguiu driblar esse tipo de batismo amaldiçoado, entregando uma primeira temporada incrível na HBO. Questões sobre o que nos faz humanos, a moral ao tratar seres vivos em geral e limites tecnológicos, aliado a uma narrativa gradual e bem elaborada com personagens carismáticos, deram o tom do programa em 2016.
ALGUNS SPOILERS A SEGUIR
A saída de Anthony Hopkins, que deu vida ao Doutor Robert Ford, deixa uma dúvida no ar: conseguirá a 2ª temporada de Westworld manter toda a filosofia apresentada na primeira? Essa estreia, com o episódio intitulado Viagem à escuridão (que vai ao ar domingo, dia 22 de abril), dá a impressão de que não. Mas, para sermos francos, talvez nem seja essa a proposta: agora que o jogo virou, onde os anfitriões estão no comando (tanto de si quanto do parque), é que aparenta morar as principais questões. A personificação disso está em alguns personagens como Dolores (a donzela desconstruída, vivida por Evan Rachel Wood) e Angela (Talulah Riley).
O que se observa logo de cara é a tensão deixada pelo final da primeira temporada, uma vez que temos aqui uma continuação direta. O roteiro de Lisa Joy e Roberto Patino trabalha justamente nesse sentido de abordar as consequências deixadas pelos eventos anteriores, onde o grande plano de Ford (idealizado também pelo seu antigo sócio, Arnold) foi concluído.
Mas não se toma o poder sem chamar atenção. Sendo assim, a principal novidade da 2ª temporada de Westworld é a adição de Gustaf Skarsgård (o Floki da série Vikings), que dá vida a Karl Strand, uma espécie de chefe de operações da Delos que está ali para fazer o serviço sujo e dar um fim à rebelião.
Junto a isso, temos na narrativa novamente dois períodos paralelos de tempo, mas não com a diferença de décadas como na primeira temporada. Uma linha é para mostrar os eventos do início da rebelião do final do último episódio, enquanto a outra dá um salto de algumas horas. Nesse balaio, muitas coisas ficam em aberto como o destino de Charlotte (Tessa Thompson) que no início da rebelião está com Bernard (Jeffrey Wright), mas depois não. Outras coisas ainda carecem de explicação: como foi que Stubbs (Luke Hemsworth) sobreviveu? Vimos ele pela última vez sendo atacado por anfitriões indígenas, numa situação bastante desfavorável. São questões pequenas relativas à trama e que devem ser respondidas no decorrer da temporada.
Além de Charlotte e Bernard, há outras dinâmicas entre personagens nessa estreia da 2ª temporada de Westworld que valem destaque. Uma delas é entre Maeve (Thandie Newton) e Sizemore (Simon Quarterman), cria e criador no meio do caos. Maeve está em busca de sua filha de outras histórias, motivação que a torna a mais ”humana” da série: de que adianta descobrir o final do labirinto e passar a se comportar como quem os criou? Isso a coloca ideologicamente em choque contra Dolores, por exemplo, que passou a enforcar visitantes pelo parque. É nesse momento também que vemos o retorno do brasileiro Rodrigo Santoro à série, como Hector.
Outra figura que chama atenção nessa estreia é o Homem de Preto, William (Ed Harris). De certa forma, agora o parque está da forma como ele sempre quis, algo muito bem mostrado na cena onde ele recupera seus equipamentos e dá um sorriso: o que mais Westworld pode reservar para esse que foi um dos principais personagens até então?
Caso você queira saber sobre o Shogun World, acho melhor você ver aqui em que momento ele será abordado.
Um episódio atípico, com bastante correria e uso pontual de tudo que a série levou para apresentar desde o começo. Westworld teve uma boa estreia nessa segunda temporada, mas os desafios para se manter no topo não são poucos.