Jorge Bastos Moreno, cuiabano, e filho do taxista Juca com a dona de casa Alzira. Um homem do interior, preto, que deixou a sua marca no jornalismo político, colecionando importantes furos de reportagem que mudaram a história do Brasil. Moreno era conhecido por ter um olhar apurado para os bastidores, um faro aguçado para a notícias, além de uma capacidade fenomenal de conquistar fontes. Com textos leves, bem-humorados e de amplo entendimento, o ‘jeito Moreno de escrever’ aproximava o leitor e estimulava a sua reflexão. E sua fama ultrapassava o cenário político. Os eventos que organizava em casa reunia personalidades de grande influência nas artes, música, televisão e gastronomia. A trajetória do jornalista Moreno, como é carinhosamente conhecido, será contada em quatro episódios em O Repórter do Poder, série documental Original Globoplay que estreou nesta sexta, dia 10 de março.
Com propósito de desvendar curiosidades e mergulhar na carreira de Moreno, a obra costura momentos da vida pessoal com a política brasileira, desde os tempos da Ditadura Militar até o governo Michel Temer, intercalados com mais de 30 depoimentos. Entre os entrevistados, grandes nomes dos cenários político e jornalístico, passando também por personalidades da TV, música, além de familiares e amigos. Nomes como Andréa Sadi, Fernando Henrique Cardoso, Gilmar Mendes, Heraldo Pereira, Mariana Ximenes, Renata Lo Prete, Fafá de Belém, Ali Kamel, entre outros.
“O arco narrativo da série começa desde a sua ida para Brasília, onde estuda Jornalismo, até a sua morte, com recortes importantes a partir dos momentos marcantes de sua trajetória em relação aos fatos históricos. Em outras palavras, vamos dos anos 1974/1975 até 2017”, explica Patrícia Guimarães, uma das diretoras do original Globoplay.
O jornalista passou por importantes redações do país, conquistando grande poder e relevância, principalmente no cenário político de Brasília. Quando ainda trabalhava no Jornal de Brasília, chamou atenção por sua entrevista com o general Figueiredo, em 1978, na qual anunciava que o mesmo seria o próximo presidente da Ditadura Militar. Destaca-se, ainda, sua participação decisiva no afastamento do então presidente Fernando Collor de Mello, em 1992. Foi dele a manchete, publicada no jornal O Globo do dia 23 de julho, que ligava definitivamente o presidente ao esquema de corrupção de Paulo César Farias: ‘Fantasma de PC pagou carro de Collor’