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Maria Bethânia é homenageada no Globo Repórter Personalidades

Nascida em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, no dia 18 de junho, Maria Bethânia Viana Teles Veloso carrega uma forte relação com sua cidade, suas raízes e sua cultura. Foi no Recôncavo Baiano que ela deu os primeiros passos na arte e na música, influenciada por sua mãe, Dona Canô, uma mulher de personalidade forte, alegria e devoção religiosa, símbolo da cultura baiana e brasileira. O ‘Globo Repórter Personalidades’ desta sexta-feira, dia 27, celebra a vida, obra e as origens de Maria Bethânia, a “Rainha da Música Brasileira” que acaba de completar 79 anos, e fala sobre a fé e a brasilidade, presentes em toda a sua carreira.

Em um cenário especial, criado exclusivamente para esta edição do programa, que reproduz a casa onde Bethânia foi criada por Dona Canô, a cantora fala com a apresentadora Sandra Annenberg sobre a importância do lugar onde nasceu. “Eu não creio em outro lugar possível para eu nascer. E nasci num período em que Santo Amaro tinha ainda as suas tradições, as suas festas, ainda muito consagradas e festejadas e vividas por seu povo. Tínhamos o conforto de uma casa com pai, mãe, irmãos, amigos, parentes e um quintal gigantesco, que era o nosso paraíso. Ficávamos ali, livres, brincando, saboreando coisas muito boas, frutas, brincadeiras, subindo em árvores, lá no topo, vendo essa casa que era um lugar seguro. Ali estava tudo certo, o afeto, o respeito, a educação, o tempo e um amor muito forte, que era um elo muito grande”, conta. A artista ainda reflete sobre a força e potência da mãe em sua vida e trajetória. “Minha mãe, aquela senhorinha do Recôncavo, com sua majestade, sua simplicidade. Linda, nos nutria, nos ninava, sem precisar estar ‘dengando’, mas ela era farta, generosa e extraordinária. Desde criança que aprendi a saber que pode existir confiança em mim, por causa de minha mãe”, afirma.

Na cidade onde foi criada, o programa acompanha a cantora durante a procissão de Nossa Senhora da Purificação, santa da qual é devota e fala também sobre a sua forte ligação com Mãe Menininha do Gantois, a quem considera uma figura materna e espiritual. É da casa de Dona Canô que as baianas de diversos terreiros de candomblé iniciam a tradicional lavagem das escadarias da Igreja de Nossa Senhora da Purificação, mais uma das tradições que representam o sincretismo religioso na Bahia. O ‘Globo Repórter Personalidades’ ouve amigos e familiares da artista, que falam como Bethânia é presente nos rituais.

Discreto, Bob Veloso, irmão de Bethânia e Caetano, não seguiu pelo mesmo caminho artístico, mas conta como a proximidade com a arte vem de família. “A gente fazia muito teatro. Tudo o que estava acontecendo na cidade nós reproduzíamos em casa, com plateia. Minha mãe convidava as camaradinhas e ficava todo mundo sentado. Tinha, por exemplo, a Paixão de Cristo. Tudo aquilo era muito criativo”, conta Bob, que ainda revela a forte ligação da irmã com Santo Amaro. “Ela tem muitas amigas em Santo Amaro. É onde ela volta às raízes, gosta de tomar a cerveja dela, ouvir as histórias das amigas”, diz.

Sandra Annenberg também entrevista Adriana Calcanhoto, que tem diversas músicas interpretadas por Bethânia. A cantora conta que foi tocada primeiramente pela escrita de Bethânia antes de conhecê-la pela música, por meio de uma tia, professora de Língua Portuguesa. “Ela veio com um disco chamado “Drama, terceiro ato”, enlouquecida com Bethânia. Bethânia é uma intérprete autora. A escrita dela é feita das escritas que ela escolhe”, diz Calcanhoto.

Em uma escola estadual de Camaragibe, no Grande Recife, um projeto é motivo de orgulho para Maria Bethânia. O ‘Projeto Maricotinha’, também chamado de “Doutora Maricotinha” em uma referência ao apelido de infância de Bethânia, envolve os alunos na análise e interpretação das obras da cantora, colocando a poesia em prática através de atividades como escrita, desenho e declamação. “Isso é uma coisa linda, é o meu trabalho alcançando o estudo público de crianças, eu fico comovidíssima. O projeto é uma grande vitória da minha carreira”, afirma Bethânia.

Parceiros de longa data, desde a juventude, Bethânia e Gilberto Gil nutrem uma grande admiração um pelo outro e têm uma relação marcada por colaborações musicais e uma forte amizade. Gil conta à apresentadora Sandra Annenberg como a “Rainha da Música Brasileira” influencia a sua carreira, em especial sua atuação nos palcos. “Eu passei a incorporar a voz de Bethânia na minha própria voz, no palco, na dimensão cênica do meu trabalho. É uma coisa que pouca gente sabe, mas ela se tornou uma referência para mim do ponto de vista da atuação como cantor. Toda aquela desenvoltura dramática que ela tem em relação às palavras, em relação aos temas, tudo aquilo fui incorporando no meu trabalho. E, no palco, talvez a Bethânia tenha sido a influência maior, no desenvolvimento da minha possibilidade cênica”, diz Gil.

O cantor e amigo Roberto Carlos relembra uma das apresentações mais emblemáticas de Bethânia cantando ‘Emoções’. “Existem cantores e intérpretes. A Bethânia reúne as duas coisas. Porque às vezes o cara canta muito bem, mas não interpreta, não passa a emoção que aquela letra diz, mesmo tendo o privilégio de ser um cantor da maior qualidade. E a Bethânia tem tudo isso, tem as duas coisas. Ela interpreta, ela é uma grande cantora e uma grande intérprete. Bethânia quando diz ‘oi’, já tá dizendo alguma coisa a mais”, afirma o ‘Rei’.

O programa ainda traz depoimentos de amigos, da diretora Bia Lessa e outros artistas como Vanessa da Matta, Tom Zé, Gesse Gessy, Jards Macalé.

O ‘Globo Repórter Personalidades’ vai ao ar nesta sexta-feira, dia 27 de junho, logo após a novela ‘Vale Tudo’.