A festa de Elijah Wood e a busca por conexões reais
A série I Love LA, da HBO Max, continua explorando o universo caótico das influenciadoras e celebridades de Los Angeles, fazendo humor com a cultura digital e com a dificuldade de construir relações genuínas em meio a ambições, métricas e egos inflados. No episódio 4, intitulado “Upstairses”, a trama leva o grupo para uma festa inusitada na casa de Elijah Wood — uma celebração que não pertence a ele, mas que se torna o epicentro de encontros desconfortáveis, expectativas distorcidas e revelações sobre a forma como cada personagem lida com fama, carência e validação online. A seguir, veja o resumo detalhado e a crítica do episódio 4:
Recapitulação do Episódio 4 de I Love LA
O início da comemoração: Tallulah e Maia acreditam estar vencendo o jogo da influência
Depois da vitória improvável sobre a rival Paulena e do envio inesperado de uma bolsa nova pela Balenciaga, Tallulah vive um momento de euforia. Para ela, o conflito anterior e sua recuperação de imagem representam a confirmação de que sua presença online está rendendo frutos. Já Maia interpreta isso como uma oportunidade estratégica: a chance de “subir de nível” no mundo das influencers.
O convite para a festa organizada por Quenlin Blackwell, que acontece na casa de Elijah Wood, chega como a ocasião perfeita para consolidar essa ascensão. Charlie garante que o evento tem a “proporção ideal” de famosos e desconhecidos, enquanto Alani surta só de pensar em pisar na residência de um ícone de O Senhor dos Anéis. O conjunto de expectativas já prepara o terreno para a frustração que dominará o capítulo.
Na festa: regras, celebridades e a divisão entre “lá embaixo” e “lá em cima”
A casa está tomada por jovens infláveis, aspirantes a celebridades e personalidades que tratam cada interação como uma transação. Maia tenta seguir a etiqueta não oficial de Los Angeles — como a regra de nunca pedir um TikTok para alguém mais famoso — enquanto Tallulah se deixa arrastar pelo clima.
Quenlin aparece rapidamente e separa Tallulah do grupo, obcecada pela garota da “bolsa viral”. Maia e Alani ficam com instruções simples: beber, socializar e permanecer no térreo. Mas, para Alani, a possibilidade de Elijah Wood estar no andar de cima é irresistível. As duas sobem para bisbilhotar e acabam encontrando o ator de pijama, chapado, assistindo Os Simpsons.
A cena transforma o encontro em um quadro de humor sobre expectativas distorcidas. Elijah só quer conversar, rever trechos de obras que gosta e, principalmente, fazer amizades. Mas Alani e Maia interpretam tudo como um convite indireto para um ménage, criando uma situação desconfortável que o próprio ator tenta desfazer ao perceber que nunca conseguem enxergá-lo como alguém comum.
Elijah Wood, o solitário inesperado do episódio 4
O ponto alto do capítulo é a presença de Elijah Wood, interpretando uma versão exagerada e tragicômica de si mesmo. Em vez de ser a celebridade inalcançável, ele surge como um sujeito introspectivo, isolado e mal interpretado. A cena em que ele percebe que Maia e Alani tiraram as roupas para vestir roupões — acreditando que ele queria algo íntimo — funciona como uma crítica direta ao modo como a fama distorce percepções.
Elijah verbaliza sua solidão: ninguém quer simplesmente ser seu amigo. A sequência, acompanhada por “All Star”, reforça o absurdo e a melancolia da situação, funcionando como uma das cenas mais marcantes do episódio.

A subtrama de Charlie: um crush improvável e uma revelação inesperada
Enquanto isso, Charlie tenta viver seu próprio momento de festa. Ele se envolve com um homem que parece interessado, mas descobre que o encontro é, na verdade, apenas um desvio para comprar gelo em um posto de gasolina. A frustração aumenta quando ele tenta dar em cima do rapaz e recebe a resposta direta: “Não sou gay. Sou católico”.
É nesse instante que Charlie percebe estar diante de um cantor cristão famoso na internet, Lucas Landry, cuja popularidade pode representar uma oportunidade profissional. A dinâmica entre os dois expõe a confusão entre fama, simpatia e intenção — um tema recorrente no episódio.
Tallulah e o choque com o lado profissional da influência digital
A parte mais tensa da festa acontece quando Tallulah, finalmente sozinha com Quenlin, descobre como funciona a engrenagem profissional por trás de produções aparentemente espontâneas. Quenlin a dirige como uma cineasta obsessiva, exige múltiplas tomadas, troca de figurino e perfeição em cada detalhe.
Tallulah, acostumada ao caos, se assusta com o nível de controle e cálculo exigidos. A situação piora quando ela testemunha a fazenda de cliques da anfitriã — um ambiente onde números são manipulados sem cerimônia para garantir engajamento. A revelação abala sua confiança na própria capacidade de competir nesse cenário.
Ao ser descartada por Quenlin no instante em que Lucas Landry chega à festa, Tallulah entende seu lugar naquele ecossistema: influenciadores só importam enquanto entregam valor transacional imediato.

O grupo se reconecta e a festa perde o encanto
Desiludidos por motivos diferentes, os personagens se reencontram prontos para ir embora. Maia percebe que suas estratégias não renderam o que esperava. Alani tenta processar sua quase interação com Elijah Wood. Charlie está dividido entre a tentação profissional e a rejeição emocional. Tallulah, por fim, encara a vulnerabilidade de sua carreira e percebe que a fama digital é mais frágil do que parece.
O episódio fecha reforçando a fragilidade dos vínculos que eles tentam construir e a constante sensação de que nada ali é real.
Crítica: o que o episódio 4 de I Love LA diz sobre fama, solidão e o jogo das aparências
O capítulo “Upstairses” aprofunda a sátira de I Love LA, mostrando como a cultura da influência transforma relações humanas em transações. Elijah Wood simboliza o lado solitário da fama; Tallulah mostra o choque entre espontaneidade e profissionalização extrema; Charlie expõe a superficialidade das promessas digitais; e Maia tenta navegar nesse cenário com estratégia, mas sem compreender seus limites.
O resultado é um episódio que mistura humor, desconforto e crítica, reforçando a proposta da série: retratar Los Angeles como um palco onde todos buscam validação, mas poucos encontram conexões genuínas.