The Deuce, da HBO, é um agradável respiro para os domingos sem Game of Thrones

HBO mostra personagens da vida noturna de Nova York como ninguém na nova série The Deuce

Falamos anteriormente aqui sobre uma nova série original da HBO chamada The Deuce, com James Franco e Maggie Gyllenhaal, ambientada nos anos 1970 em Nova York. No último dia 13, o CosmoNerd teve a oportunidade de acompanhar o primeiro episódio da série, direto do escritório da HBO em São Paulo, e assim adiantar a vocês nossas impressões sobre o programa, que será exibido aos domingos, a partir do dia 17 de setembro.

The Deuce contempla a indústria do sexo nos Estados Unidos, por volta do início dos anos 70 até meados dos anos 80. A série mostra donos de bar, garçons, prostitutas, cafetões, policiais e outros personagens da vida noturna em um universo de sexo, crimes e violência, quando o negócio da pornografia começa a ascender das casas de massagem e das produtoras de filmes apoiadas pela máfia até ocupar um espaço de legitimidade e importância cultural.

Tudo isso através de um trabalho árduo de pesquisa do produtor Marc Henry Johnson que, apesar das situações ficcionais da série, há grande inspiração na vida de dois irmãos gêmeos habitantes desse submundo como capangas de mafiosos. Vale lembrar que os produtores de The Deuce, David Simon e George Pelecanos, também trabalharam em The Wire e Treme, também da HBO.

A ambientação setentista é sensacional. Seja na trilha sonora dos bares, trocadilhos com Beatles ou até mesmo nos bigodes e costeletas combinando com o figurino da época, fica escancarada a competência da direção de arte em The Deuce. Por ser uma série de ritmo cadenciado, talvez haja exagero na duração de uma hora e vinte para essa estreia, mas as chances de você não ligar muito pra isso são grandes. Michelle MacLaren, a diretora desse piloto, também comandou episódios de outras séries importantes como Game of Thrones, Breaking Bad, The Waling Dead e Better Call Saul.

Essa viagem no tempo acaba se tornando o personagem principal, onde cada figura representa, através de sua individualidade, uma vertente dessa Nova York. Isso ocorre não apenas com o devido encaixe de cada ator e atriz em seu molde, mas também nos diálogos. Um exemplo disso é a incrível conversa entre dois cafetões logo no começo desse primeiro episódio, onde tratam sobre política, dinheiro, sexo e poder de modo sagaz.

No entanto, está no elenco outra grande aposta para que The Deuce se torne algo memorável. Maggie Gyllenhaal está sensacional no papel de Candy, uma prostituta alheia ao domínio dos cafetões, trabalhando assim de modo independente. Lori (Emily Meade, a Isis Valverde estadunidense) é uma garota que acaba de chegar a Nova York, enquanto a estudante Abby (Margarita Levieva) nos traz a questão: trocar sexo por coisas fúteis, como uma boa nota na faculdade, é tão ou mais condenável que se vender por dinheiro? As relações interpessoais entre as personagens gera uma série de observações pertinentes ao que é (ou deveria ser) moralmente aceito.

Ademais, temos James Franco (figura rara em séries de TV) com seu bigodão de dar inveja a Henry Cavill. O ator está muito bem nos papéis. Isso mesmo, ele interpreta dois irmãos gêmeos, o que acaba eclodindo em situações que, mesmo inusitadas, são organicamente inseridas no contexto do sexo, jogos e contravenções em geral.

Sendo assim, marque na agenda a estreia de The Deuce, que ocorre dia 17 de setembro, próximo domingo, na HBO. É garantia de série com ótima direção e roteiro cuidadoso, para servir de alento nos finais de semana sem Game of Thrones.