Marianne Marianne

Marianne (Netflix) | Crítica

Felizmente, a Netflix é uma plataforma que traz muita coisa que não é só de língua inglesa. Depois do sucesso estrondoso de La Casa de Papel, agora é a vez de uma série francesa achar seu espaço entre as boas produções da gigante dos streamings. Confira nossa crítica sem spoilers de Marianne.

Marianne conta a história de Emma, uma escritora famosa de terror, alcoólatra e problemática. A sua vida muda depois de receber a visita de uma amiga de infância cuja mãe foi, aparentemente, possuída por Marianne, a bruxa e principal vilã dos seus livros. A escritora decide voltar para sua cidade natal em busca de enfrentar seus demônios interiores e exteriores.

Logo de cara, a série lembra uma história do mestre do terror Stephen King, e as semelhanças não param por aí na superfície. Marianne conta uma história com bastantes clichês do gênero de terror, mas com uma personalidade própria. Um dos pontos principais é não se levar a sério em diversos momentos, utilizando desde a linguagem de comédia até aventura. Esses momentos acabam destoando um pouco do clima pesado que a série deveria ter, mas não chegam a atrapalhar.

Além da comédia, Marianne conta com uma boa dose de drama, trazendo questões implícitas sobre família, amizade e aceitação, enquanto conta sua história de terror. Os personagens são instigantes, principalmente por causa dos atores e a química que existe entre eles. Mas existem personagens que não são bem desenvolvidos e outros que aparecem e desaparecem do nada. Em alguns momentos, a série tenta desenvolver algumas sub-tramas que acabam por ser uma perda de tempo. Mas, falando em personagens, fica aqui meus parabéns para a atriz que interpreta a bruxa no início da série. É algo pra atormentar seus sonhos por um bom tempo.

Mas falando do terror (o principal da série), ela não deixa a desejar de grandes obras atuais como Invocação do Mal. Suas cenas de terror são criativas, com efeitos práticos e mostrando muito pouco. No decorrer de toda temporada, os temas diabólicos são pincelados aos poucos e as criaturas do mal aparecem somente em flashs ao fundo. Existe uma ediçãozinha safada de videoclipe em diversos momentos com cortes rápidos que me irrita, mas a série consegue construir um clima de suspense efetivo na maior parte do tempo.

Marianne é uma boa adição ao catálogo da Netflix. Não é uma obra-prima como A Maldição da Residência Hill, mas consegue contar uma boa história de bruxaria, capirotagens, dramas reais e bons alívios cômicos. Em diversos momentos, a série bebe de muitos autores que são citados no começo de cada episódio, como Edgar Allan Poe e Lovecraft. Um bom exemplo de terror que não apela pra CGI e consegue assustar mostrando pouco.