Crítica | Big Mouth – 2ª Temporada (Netflix)

Nas últimas semanas o Desafio da Puberdade tomou conta das redes sociais. Basicamente, você deve postar um foto antiga – de preferência da infância – e outra mais atual. Para que assim seus amigos analisem o quanto você mudou ao longo dos anos. Mas parece que ninguém lembra de fato do período da puberdade, principalmente dos aspectos mais vergonhosos. Ainda bem que Big Mouth está de volta, para continuar sua missão de tirar sarro com essa fase tão importante de nossas vidas.

Em seu segundo ano, a série criada por Nick Kroll e Andrew Goldberg entra de vez no avanço da puberdade de seu quinteto principal: Nick (Nick Kroll), Andrew (John Mulaney), Jessi (Jessi Klein), Missy (Jenny Slate) e Jay (Jason Mantzoukas). Se na primeira temporada essas descobertas eram de cunho particular, agora elas entram no aspecto social. Na medida em que amadurecem, suas relações interpessoais são afetadas. Apesar de seu humor afiado, Big Mouth também é competente na hora de falar sério. O que leva ao maior acerto da segunda temporada.

Muito além de piadas dos mais variados níveis sobre sexo, pênis, vaginas, peitos e masturbação, o roteiro acerta em desenvolver cada um de seus protagonistas e a maneira como lidam com isso. Nick e sua preocupação com seu amadurecimento sexual, as intermináveis seções de masturbação de Andrew e como elas mexem com sua cabeça, Jessi e Missy lidando com a aceitação dos próprios corpos e Jay explorando sua sexualidade (aliás, que baita crescimento ele teve nessa temporada).

Claro que explorar o próprio corpo, especialmente no início da adolescência, desencadeia uma onda de vergonha. E os criadores aproveitam essa deixa para lançar o melhor personagem da segunda temporada: o Mago da Vergonha (David Thewlis). Se os Monstros dos Hormônios representam a parte prazerosa do crescimento, o Mago é a caçamba de lixo que despeja na cabeça dos protagonistas todos os medos presentes nessa fase. E muitas das melhores cenas partem desse conceito.

Ainda nas questões pessoais dos personagens, a segunda temporada de Big Mouth explora de uma forma melhor suas famílias. Em meio as transformações hormonais, os problemas em casa ganham contornos ainda mais importantes. O que desencadeia desde as tradicionais birras até condições mais graves como reclusão e depressão. No meio disso tudo, a série encontra espaço para criticar a forma como muitas vezes a educação sexual é negligenciada em casa e na escola. O episódio The Planned Parenthood Show é um ótimo exemplo disso.

Mesmo com todo esse amadurecimento, Big Mouth segue hilária em suas sacadas e sem vergonha nenhuma de fazer piada com tudo que envolva sexo. É como um besteirol americano com cérebro. A puberdade pode não ser fácil, mas ninguém pode negar que ela é divertida. Que Big Mouth tenha vida longa na Netflix.