Os dez primeiros episódios da quinta temporada de Sessão de Terapia chegam hoje, dia 04 de junho, ao Globoplay. Gravada nos estúdios Globo, a série terá, a cada semana, cinco novos episódios na plataforma, sempre às sextas-feiras.
A obra trará novos desafios para Caio Barone (Selton Mello). Sem Sofia por perto, ele precisa procurar um novo profissional para acompanhá-lo. É então que chega à série Davi Greco (Rodrigo Santoro), um terapeuta que cuida de adultos, mas, sobretudo, de crianças, fato que vai gerar uma tensão entre eles.
Dirigida por Selton Mello, escrita por Jaqueline Vargas e produzida por Roberto d’Avila, Sessão de Terapia é uma série original Globoplay, produzida pelo GNT e Moonshot Pictures.
Nas entrevistas abaixo, Selton conta quais são os principais dilemas de Caio na temporada, como foi a escolha do elenco, a parceria com Rodrigo Santoro, entre outros assuntos. Já Rodrigo fala sobre a relação com Selton, seu personagem e a importância do projeto.
Entrevista com Selton Mello
Quais são os principais dilemas do Caio nesta nova temporada?
O dilema principal do Caio, que costura toda essa temporada, é o surgimento do irmão de um outro casamento. Ele passa a temporada inteira sendo estimulado pela irmã (personagem da Bruna Chiaradia) a encontrar esse irmão. A mãe do Caio casou de novo, teve um outro filho de um outro casamento e eles deviam se conhecer. Ele passa a temporada inteira sofrendo com esse possível encontro, negando esse encontro e isso resvala muito nos encontros com o Davi (personagem do Santoro).
Como foi feita a escolha do elenco?
Essa é a parte mais prazerosa para mim, a parte onde eu encontro os intérpretes ideais para dar vida e emprestar a sua sensibilidade aos personagens. Eu sou muito grato a todos eles, eu sou um ator antes de ser diretor. Então eu sou um diretor colega, eu sou um diretor que entende as dificuldades de ser um ator, eu sou muito parceiro deles. Foi lindo contar com esse time tão vasto de escolas tão diferentes, de experiências tão distintas, cada um com sua história e bagagem como artista e como pessoa. Eu tenho um quarteto fantástico que é a Letícia Colin, que é uma gênia, uma das maiores atrizes da sua geração sem dúvida alguma; o Christian Malheiros, que é um menino iluminado, a Miwa, que é uma atriz muito poderosa que vem do teatro; a Luana Xavier, que é uma grande atriz e faltava um espaço grande para ela brilhar, e o Santoro, grande ator e grande amigo.
Pode falar um pouco do seu reencontro com o Santoro? E sobre seu encontro com o Danton no set?
O Santoro é um irmão que eu tenho na vida, uma das poucas pessoas com quem eu converso sobre tudo. A gente se identifica muito em muitos aspectos da vida e da arte. A gente não trabalhava junto há quase 30 anos, fizemos uma novela juntos em 93 que se chamava Olho no Olho. A gente estava bem garoto e nunca perdemos o elo que nos unia, a afeição, a torcida mútua. Ele construiu uma história muito linda lá fora com muita batalha e eu admiro demais isso, assim como ele me disse que fica comovido de ver a minha transformação de ator para diretor, esse leque que eu abri para me expressar de outras formas. Reencontrar o Santoro agora, mais maduro, tendo esse afeto que sempre nos uniu foi muito emocionante, sobretudo porque ele faz um personagem que é fundamental: o terapeuta do terapeuta. A posição do Davi é a poltrona suprema porque é o cara que cuida do protagonista e também está se curando porque ele também tem seus mistérios que vamos descobrir ao longo da temporada. Então fazer isso com o Santoro, que é um amigo, um cara que eu amo, foi lindo.
Meu irmão é outra emoção gigantesca porque somos atores desde criança, fazemos isso a vida inteira, fizemos um curta-metragem, trabalhamos juntos no teatro e na televisão, nunca. Como é possível isso? Como é que nenhum diretor, nenhum autor teve a ideia de falar assim “Nossa, são dois irmãos atores vamos colocá-los juntos fazendo irmãos?” Ninguém fez isso, pois que ótimo, porque quem fez fui eu (risos). Então o encontro com Danton tem a mesma grandeza da participação especial da Nathália Timberg na temporada anterior, ou seja, ele vai surgir em um episódio, mas é “o episódio” e é uma mistura emocional muito grande porque é um encontro dos irmãos Caio e Miguel, mas também para o público é um encontro dos irmãos Selton e Danton. Para mim e para o Danton, foi um momento inesquecível, muito forte, muito poderoso e muito lindo.
Como acha que a série vai impactar o público, especialmente em um ano que vivemos o isolamento social?
Eu sempre disse que essa série é mais do que uma série, é uma mão estendida. Eu recebo centenas de mensagens de pessoas agradecidas por nosso trabalho, dizendo que foram salvas pela série, que começaram a se cuidar e a se tratar depois de assistir o que fizemos. Agora que a gente vive essa pandemia, acho que as pessoas estão precisando muito de ajuda, as pessoas estão com a saúde mental abalada, as pessoas estão perdendo parentes, emprego, a esperança e essa série traz tudo isso. Através de uma ficção, você consegue tocar o coração do público e fazer com que ele se enxergue e que ele sublime muitas dores, então ela chega em um momento primordial.
O mundo está muito sensibilizado com a pandemia. Qual a principal mensagem da série?
A principal mensagem da série é a esperança, é não desistir, continuar lutando, continuar acreditando, sentir que vai passar, ter fé. É o momento de conexão com terapia, meditação, encontro com o divino, com Deus, seja qual for o seu deus e a sua religião. É esse o momento: momento de conexão, autoconexão, de autoconhecimento. Transmitir isso para as pessoas é muito tocante e especial. A série chega em um momento muito oportuno. “Oportuno” no sentido psicológico, no sentido emocional. Então que venha a quinta temporada para lavar a alma de tanta gente que precisa de ajuda, agora mais do que nunca.
Entrevista com Rodrigo Santoro
Pode falar sobre sua relação com o Selton?
Eu e Selton nos conhecemos em Olho no Olho, 1993, e construímos uma amizade muito sólida até hoje. Depois desse trabalho, fizemos um filme juntos, Os Desafinados, e desde então, seguimos procurando uma oportunidade para voltar a trabalhar juntos. O Selton teve essa ideia para Sessão de Terapia e fez esse convite. Tenho muita admiração pela capacidade que o Selton tem em desempenhar com maestria várias funções no mesmo projeto. Fazia muito tempo que eu não participava de um trabalho em que me sentisse tão à vontade. Acho que a quinta temporada vem em um momento muito oportuno, no melhor sentido da palavra, para falarmos das questões humanas.
Como você recebeu esse convite?
Ter a oportunidade de investigar esse universo e falar de saúde mental nesse momento foi um presente. Quando o Selton me fez o convite, fez muito sentido porque mais do que nunca nós precisamos falar de saúde mental por tudo que a gente está vivendo e por toda sua abrangência. A saúde mental abarca depressão, ansiedade, transtornos… Tenho uma admiração muito grande pelo trabalho dos terapeutas porque é um exercício de compaixão, de se colocar no lugar do outro, de tentar entender, de escutar. Como a gente está precisando ser abraçado, ser acolhido por tudo que a gente está vivendo. É um momento muito importante para falarmos sobre as nossas dores, nossos conflitos, pra falarmos das nossas humanidades.
Como você pode definir o Davi e como será a relação do personagem com Caio?
Ele é o resultado de várias conversas que tive durante o processo de pesquisa. Achei importante conversar com diferentes terapeutas para entender um pouco que tipo de terapeuta seria o Davi.
Junto com Selton e a autora, Jaqueline, nós trocamos ideias e chegamos ao personagem. Ele é um mosaico de todas as coisas que eu escutei e senti conversando com esses profissionais.
Ele trabalha na maior parte do tempo com crianças, mas também atende adultos e humaniza muito a relação entre terapeuta e paciente. Acho que esse é o traço mais marcante da linha de trabalho do Davi. É um profissional muito estudioso, reconhecido e que, ao mesmo tempo, tem uma série de conflitos na sua vida pessoal. Ele está ali para tentar ajudar o Caio e ele acaba descobrindo que o Caio também pode ajudá-lo. Existe uma troca entre os dois.
Como você acredita que o público vai receber a temporada?
A quinta temporada vem em um momento em que todos os assuntos humanos têm absoluta relevância. Acho que nós vivemos em um momento extremamente delicado em que a gente, mais do que nunca, precisa ser abraçado, acolhido e é isso que acontece numa sessão de terapia. Quando você assiste à série, apesar de não necessariamente estar identificado com o problema do paciente, as questões são existenciais, são conflitos humanos que todos nós podemos viver. É de muito fácil identificação nesse sentido. Espero que essa quinta temporada seja tão forte e tocante para o público como foi pra gente fazendo esse trabalho.