Sendo uma versão do livro de true crime de Jon Krakauer, que trata do assassinato de uma mulher e seu bebê em uma comunidade mórmon, onde os suspeitos também são da mesma cidade e fé, a minissérie Em Nome do Céu, conduzida por Dustin Lance Black, tem uma abordagem diferente, já que o conflito moral é tão central que se sobrepõe ao mistério típico dos whodunits, pois não se trata de “quem matou”, e sim “por quê”. Nesse sentido, a investigação é menos forense e mais semântica, com o roteirista e diretor sendo bem didático com o público, para que entenda melhor esse universo mórmon.
Apesar do elenco dedicado, encabeçado por Andrew Garfield, personificando todas estas questões na figura do detetive Pyre, a figura que tem sua fé colocada em cheque após o evento que engatilha o enredo, mas também com a talentosíssima Daisy Edgar-Jones; Wyatt Russell, se provando mais uma vez ótimo em papéis perturbadores; Sam Worthington, na melhor atuação de sua carreira, entre outros, como Gil Birmingham, Chloe Pirrie e Billy Howle. Os sete episódios de uma hora vão cansando o público à medida em que avançam, já que na busca por respostas de motivações, todo o didatismo religioso se torna pedante, repetitivo e, honestamente, irrelevante, pois o recado já tinha sido dado lá atrás.
Por isso, os flashbacks com a vítima Brenda Lafferty são os melhores momentos. O mesmo não pode ser dito sobre as passagens com os outros familiares debatendo e questionando sua fé – além dos eventos históricos com o fundador dessa crença, que quase beiram ao cafona. Nesse vaivém de qualidade, os primeiros dois episódios e o último são de grande qualidade, com aquele meio que o espectador terá de sobreviver se quiser compreender as resoluções complexas, e com certa passada de pano, a bem da verdade, que Em Nome do Céu tem a oferecer.
A minissérie está disponível exclusivamente para os assinantes do serviço Star+.