O episódio 7 de A Cadeira (The Chair Company) leva a série ao seu clímax mais ambicioso. Depois de seis capítulos alimentados por coincidências improváveis, pistas frágeis e delírios corporativos que podem ou não ser reais, a produção finalmente conecta seus elementos de forma surpreendentemente coerente. “Eu Perguntei ao Meu Cachorro: ‘E aí, gostou da minha camisa hippie?’” não só amarra tramas deixadas ao longo da temporada, como entrega o momento mais decisivo da trajetória de Ron Trosper.
A seguir, o resumo e análise completos do episódio 7.
Recapitulação do Episódio 7 de A Cadeira
A conspiração chega ao limite e Ron está prestes a desabar
O capítulo começa reforçando o estado emocional de Ron. Suspenso do trabalho e completamente consumido pela investigação, ele caminha na fronteira entre paranoia e convicção. Até aqui, a suposta conspiração envolvendo a Tecca, uma empresa farmacêutica e a própria prefeitura sempre pareceu absurda demais para ser real. Afinal, trata-se de um esquema que mistura:
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opiáceos húngaros contrabandeados para os EUA,
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uma subsidiária de móveis de escritório como cobertura,
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lavagem de dinheiro em órgãos municipais,
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e evidências tão frágeis quanto uma cadeira desmontada, um inseto exótico e cores combinando em tatuagens e sites.
Mesmo assim, A Cadeira sempre tratou esse exagero como combustível humorístico e narrativo. No episódio 7, porém, essa estrutura caótica finalmente começa a fazer sentido.
O episódio 7 de The Chair Company recupera personagens e pistas aparentemente esquecidos
Um dos pontos mais impressionantes do capítulo é a maneira como ele reativa momentos que pareciam descartados. O episódio traz de volta:
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o atendente do Tamblay’s,
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o grupo de mensagens da fidelidade da loja,
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o ator Oliver Probblo,
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a espécie rara de inseto,
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e até a história do celular de Ron invadido por um bicho.
Essas reaparições funcionam como pequenas engrenagens que finalmente se encaixam. As intervenções são curtas, precisas e chegam exatamente quando Ron precisa de uma resposta — ainda que ele esteja no pior momento emocional da temporada.
O telefonema delirante de Probblo, por exemplo, transforma um personagem aparentemente supérfluo em parte essencial da virada narrativa. Já o inseto raro retorna em uma explicação inesperada: ele teria sido atraído pelo calor de um celular repleto de abas abertas, detalhe que ganha novo peso dentro do quebra-cabeça da Tecca.

Ron tenta compensar o caos adotando um cachorro — e tudo dá errado em A Cadeira
O episódio também lida com as consequências diretas das ações de Ron. Logo no início, vemos o corte brusco que encerra a euforia do capítulo anterior: enquanto ele lembra das cadeiras alinhadas na sala de apresentações, surge o lembrete de que empurrou o próprio chefe.
Essa culpa o leva a cometer outra decisão impulsiva: adotar um cachorro enquanto a família dorme. A tentativa de compensar seus erros dura poucos minutos. O cão rapidamente ingere veneno de rato e morde Ron, desencadeando um momento de pânico doméstico.
A reação de Barb é um dos destaques emocionais do episódio. Ela está exausta com o impacto das atitudes do marido no dia a dia da família e da Everpump, mas ainda assim cuida dele com carinho quando o ferimento precisa de atenção. A cena reforça a dinâmica central do casal: por mais que Ron complique tudo ao seu redor, o vínculo entre eles permanece.
Essa relação ganha relevo na reta final, quando Ron finalmente tem algo concreto a perder.

Delaware City se torna o palco do clímax conspiratório
“Perguntei para meu cachorro: “O que achou da minha camisa hippie?”” acelera na segunda metade com a perseguição frenética por Delaware City. O episódio acumula referências ao humor característico da série, incluindo:
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uma discussão sobre produtos na Romance Depot,
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o eleitor que exige usar a banheira de hidromassagem do prefeito,
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e o plano de entrega de presuntos relatado por Natalie.
Essas cenas mostram como a série domina a estética do thriller e a transforma em paródia de alta precisão. A influência de Lynch, Fincher e do estilo nonsense de I Think You Should Leave aparece nessa mistura entre intensidade narrativa e situações absurdas.
A revelação sobre Alice muda tudo
A grande virada chega quando Ron descobre que o investidor prestes a financiar a Everpump — e que estava ao lado dele na festa de Alice, servindo drinks e canapés — é também o mentor por trás do esquema da Tecca.
A sequência do confronto é construída como um duelo clássico entre herói e vilão, mas com o tom desconfortável típico da série: Ron tenta se posicionar como o protagonista que desvendará a corrupção, mas sua fala inclui uma defesa improvisada da senhora idosa envolvida no golpe das cadeiras. A cena é simultaneamente séria e cômica, reforçando o equilíbrio que a série sustenta.

Ron finalmente encontra a resposta — e precisa escolher o que fazer com ela
Com todas as peças no lugar, Ron tem enfim a confirmação do que procurava desde o início. Mas, ao ter a verdade nas mãos, ele percebe outra questão — talvez mais importante. A necessidade de entender a conspiração sempre esteve ligada à necessidade de entender sua própria trajetória.
A série mostra aqui a dimensão emocional do pensamento conspiratório: não se trata apenas de descobrir “o que aconteceu”, mas de encontrar sentido no que aconteceu com ele.
Ron hesita. Ele pensa em desmontar o esquema, mas entende que isso pode destruir o sonho de Barb com a Everpump. Pela primeira vez, ele age não para validar sua investigação, mas para proteger outra pessoa. Há egoísmo em sua decisão final? Sim. Há também um lampejo de maturidade, simbolizado pela última imagem dele mirando o próprio reflexo no espelho.

Crítica final do episódio 7 de A Cadeira
O episódio 7 (assista aqui) funciona como o verdadeiro ápice da temporada. Ele amarra tramas, reencontra personagens, usa o humor para fortalecer a narrativa e entrega a maior revelação da série até agora. A pergunta que permanece no ar — se a cadeira quebrada foi sabotada ou se tudo não passou de acidente — mantém aberto o espaço para discussões sobre paranoia, acaso e narrativa pessoal.
A temporada se aproxima do fim deixando claro que A Cadeira é, antes de tudo, uma paródia de gênero construída com precisão, capaz de utilizar o absurdo como ferramenta narrativa e crítica.