Bienal do Livro SP: A Voz das Mulheres na Internet

Debate entre Jout Jout e Capitolina pouco acrescenta no que já sabemos, mas é muito importante que tenha acontecido

“O que vocês acham. Há espaço para as mulheres na internet?”, pergunta a interlocutora do bate papo A voz das Mulheres na Internet, ocorrido na bienal do livro com a participação de Jout Jout e colaboradoras da revista feminista Capitolina (Juia Oliveira, Clara Browne e Duds Saldanha). “Difícil é imaginar algum lugar onde não haja espaço para as mulheres”, responde a youtuber, tirando aplausos da platéia.

Parecia combinado. Mas e daí? Também é um fato que a mulher precisa reforçar essa ideia e se reafirmar no mundo machista o tempo todo.

Mesmo sem acrescentar muita coisa no debate sobre feminismo, o bate papo foi importante não apenas por ser o único sobre o tema na Bienal do Livro de São Paulo, mas por tirar da internet e trazer pro mundo desconectado as pautas da igualdade que tanto debatemos nas redes sociais ou concordamos assistindo a vídeos no YouTube. Essa importância aumenta Principalmente se levarmos em conta a faixa etária do público presente (maioria mulheres e adolescentes).

Ainda assim, a internet foi a principal arma usada para a promoção das ideias. Para incentivar outras mulheres a produzirem conteúdo, Jout Jout lembrou que no YouTube a grande maioria dos produtores de conteúdo são homens (cerca de 60%). Para que esse quadro se altere as meninas lembraram das dificuldades a serem superadas, como saber absorver críticas e lidar com os “haters”, além de sentirem à vontade para falarem sobre o que quiserem, sem medo de serem ou não aceitas por outros.

Quando aberto para perguntas do público, foi questionado o que fazer para combater o machismo enraizado nas famílias. As respostas se limitaram em “questione sempre”, o que é muito bonito mas ao mesmo tempo soltaram a pérola “pense bem se você quer estragar o natal da sua família”. O machismo pode se dar por diversos modos, é claro, seja por uma piada banal ou até mesmo por atos criminosos como um abuso sexual. Nesse discernimento de direções foi que o debate pecou, muito pela inabilidade da host que abusou do “miguxês”.

O aprofundamento em algumas questões também não ocorreu, mas isso pode ir pra conta do tempo restrito. Não foi lembrado que o feminismo não é algo homogêneo, mas sim um movimento com diversas vertentes e graus de atuação. Sendo assim, o saldo é positivo. Precisamos de mais debates como esse para que certas questões feministas fiquem mais óbvias e consequentemente mais simples de serem aceitas.