Na Girl Space de hoje, Céfora Carvalho debate a Gordofobia usando como base o filme Amor Plus Size
Assistindo a Sessão da Tarde em uma tarde tediosa, acabei descobrindo um ótimo filme que fala de um assunto extremamente importante: gordofobia. No filme de produção francesa Amor Plus Size, a protagonista Nina (Lola Dewaere) vai para um resort em busca de emagrecer e alcançar o corpo magro ideal que agradaria seu marido Gaspard (Grégory Fitoussi). E é lá que a trama de fato se desenvolve. É bom apontar que apesar de terem o mesmo nome, o filme não tem nenhuma conexão com o livro Amor Plus Size lançado em 2016 pela Verus Editora ─ apesar da proposta também soar interessante, confira uma prévia aqui.
Nina representa boa parcela das mulheres gordas, que tentam a todo custo agradar o parceiro, mesmo que isso exija passar por humilhações. No filme, Gaspard faz piadas com gordos constantemente e não se importa com o fato de isso ofender sua mulher. Essa humilhação se expande tanto que acaba atrapalhando sua vida conjugal e profissional. Gaspard é dono de uma marca de moda-praia e apesar de Nina desenhar lindos modelos em tamanho plus size, nunca ganha espaço na marca pelo preconceito do marido.
No resort ela tem contato com outras pessoas que passam pela mesma situação de tentar emagrecer e ali outras realidades dolorosas serão mostradas. Como por exemplo a de Emilie (Catherine Hosmalin) que diz não ligar para seu peso, mas em vários momentos mostrará que nem sempre é possível ser modelo de força. O preconceito atinge a todas e acaba fazendo com que a auto-confiança da personagem seja abalada.
Além da crítica óbvia ao preconceito desnecessário, o filme também mostra a dificuldade para se encontrar roupas em tamanhos maiores. Algumas lojas só produzem até o manequim 42, deixando uma grande parcela de clientes de fora. Particularmente, conheço amigas que passam por essa mesma situação e reclamam que as roupas voltadas para o público plus size geralmente não são modernas e bonitas e que elas, como jovens, não se sentem a vontade vestindo-se como senhoras.
Outra parte que chama atenção e é constantemente lembrada pelo movimento contra a gordofobia é a saúde. É lógico pensar que uma boa alimentação e exercícios físicos fazem bem a saúde, mas gordura não é sinônimo de doença. Não é porque alguém está gordo que esteja doente ou vice-versa. Isso fica bem claro quando Nina vai ao médico e ele diz que ela precisa perder apenas 5kg para estar dentro do seu peso saudável. A personagem rebate que precisa perder ao menos 15kg para ter o corpo que seu marido deseja e logo é levada a refletir se quer estar bem consigo mesma ou para os outros.
O filme é excelente e precisa ser visto por todos ─ gordos e magros ─ e também me levou a pensar em como nosso meio nerd é gordofóbico e surreal. As críticas aos corpos das personagens de videogames e quadrinhos já são bem conhecidas e infelizmente, geram pouco efeito. É por isso que a presença de personalidades como Queen Latifah, Adelle, Gabourey Sidibe, Kathy Bates, Amber Riley e as brasileiras Fabiana Karla, Cacau Protásio e Mariana Xavier são de extrema importância para a representatividade.
É certo que nesse ponto, muitos pensam que o discurso é algo fácil ─ e realmente é. Eu, como magra, nunca saberei o que é sofrer gordofobia. Mas por mais clichê que possa parecer, o que importa é o amor próprio. Todas sempre estaremos expostas a algum tipo de pressão de beleza. As magras não podem ser magras demais, as “gostosas” precisam se manter assim pra sempre e ainda serão julgadas de só tentarem chamar a atenção do público masculino. No fundo, os padrões não nos querem humanas, mas nós somos e não devemos nos importar tanto com eles. Que o amor próprio e a sororidade reine entre nós, afinal, belo é ser você mesmo!
Confira aqui uma lista de filmes sobre o tema e até a próxima!