Tomo VI – Ente da Floresta: Discutindo Formas & Estruturas Narrativas

Olá, escritor ou escritora. Tudo bem? Hoje quero dividir uma angústia com vocês. Sim, a coluna deste mês será bem pessoal e espero que eu possa contar com sua paciência e simpatia. O fato é: eu fiquei semanas desenvolvendo uma nova história, o que iria acontecer nela, os detalhes do mundo mítico, quem seria meu protagonista e quais seriam os perigos enfrentados por ele. Agora, está na hora de colocar isso no papel… ou na tela. Como só aprendemos nos arriscando, decidi iniciar o trabalho testando diferentes possibilidades. 

Há muito tempo atrás, quando as florestas eram soberanas e os homens ainda não tinham chegado com suas espadas e machados, viviam os Entes, os sábios guardiões e os constantes moradores do Reino Encantando de Val Brazílis.

Hmmm… começar em um passado distante dá um tom mítico e lendário à história, mas não sei se é impactante o bastante. Vamos tentar diferente. 

Em meio à devastação dos homens guerreiros que chegaram à floresta de Val Brazílis, os Entes decidiram enfrentar os invasores, dando início às míticas Guerras Florestais.

Melhorou, pois agora somos jogados na ação e no conflito principal da história. Mas a história ainda carece de uma perspectiva mais próxima do que está acontecendo, de um herói com quem podemos nos conectar como leitores.

Era uma Vez? Fonte: https://goo.gl/63B7Mn

Purple Tree havia crescido em tempos de guerra, quando o solo de sua família sofria os efeitos das queimadas e os corpos dos seus antepassados jaziam mortos e decepados. Foi num dia de devastação e queimada, que ele decidiu agir. Esta é sua história.

Sim, sim… parece que agora temos um bom começo. Mas ainda acho que o narrador em terceira pessoa distancia o leitor ou a leitora do drama de Purple Tree. Então, vamos tentar em primeira. 

Meu nome foi dado pelas árvores antigas de Val Brazílis, quando o mundo ainda era jovem e a terra ainda não tinha sido queimada nem devastada. Sou Purple Tree e esta é minha história: quando decidi deixar minha terra natal, avassalada pelos homens e suas espadas, e partir em busca de um novo território onde nossa espécie poderia sobreviver e novamente prosperar.

Apesar de ainda estar em dúvida entre utilizar um narrador em primeira ou terceira pessoa, acredito que esse seja o tom mais adequado. Este exercício de procura e experimentação serve para ilustrar um dos princípios mais importantes de todo e qualquer ato criativo: não temos as respostas pra tudo e boa parte da diversão desse processo está em justamente busca-las.

Como ficou ilustrado, uma coisa é a história que planejamos contar e outra bem diferente é a forma escolhida para contarmos essa história. Depois de discutir a criação de personagens na coluna do mês passado, vamos agora nos concentrar nas muitas formas disponíveis para contar e estruturar uma história. Lembrando que teremos exercícios práticos, pegue seu papel e sua caneta ou abra seu software de texto e vamos à jornada, desta vez na companhia do simpático ente florestal Purple Tree.

O primeiro desafio: Como começar?  

O que ilustramos na introdução foi a forma como podemos começar uma história a partir de quatro inícios clássicos, de quatro gatilhos que podem ou não funcionar para a sua história. São eles:

  • Passado Distante – Você leva o seu leitor a um passado mítico, dando a ele a impressão de que está acessando um conhecimento milenar e precioso.
  • Media Res – Você joga seu leitor no meio da ação ou do conflito principal, fazendo-o de saída testemunhar uma cena poderosa, dramática e talvez trágica: a morte de toda uma espécie.
  • Conflito do Protagonista – Você apresenta ao seu leitor quem é seu herói e de que modo a história será contatada a partir da experiência dele com esse conflito.
  • Relato Pessoal – Você almeja a intimidade literária mais poderosa: coloca seu herói conversando com seu leitor ou leitora, o que produz vínculo emocional entre eles.

Nenhum desses inícios é melhor do que outro, uma vez que cada um deles produz um efeito diferente, indo do mais distante e épico – no caso do primeiro – até o mais íntimo e próximo – no caso do último. Aqui o importante é saber exatamente o que se está fazendo e o porquê disso, ou em outros termos, qual o efeito que você deseja produzir sobre seu espectador. Caso você não tenha bem certo o que deseja, faça o exercício abaixo e veja qual dos quatro começos produz o melhor resultado.

EXERCÍCIO CRIATIVO 9: 

PEGUE SUA HISTÓRIA E INICIE-A DAS QUATRO MANEIRAS SUGERIDAS ACIMA (PASSADO DISTANTE, MEDIA RES, CONFLITO DO PROTAGONISTA E RELATO PESSOAL), DEDICANDO TRÊS PERÍODOS A CADA UMA DELAS. SE AS PRIMEIRAS TRÊS OPÇÕES FOREM EM TERCEIRA PESSOA, CONSTRUA A QUARTA EM PRIMEIRA. 

O bacana de uma abordagem como essa, que te obrigará a colocar a mão na massa e começar a escrever, é que você perceberá duas coisas bem importantes. Primeiro, que alguns formas narrativas serão mais adequadas e mais impactantes do que outras. Ironicamente, são essas que levam menos tempo para vocês criÁ-las e as que mais funcionam. Segundo, você também perceberá rapidamente se você se sai melhor com escrita em terceira pessoa ou em primeira.

Apesar de muitas vezes insistirmos na ideia de que devemos planejar o resultado que desejamos produzir com nosso texto e quais as escolhas que levam a esse resultado, há outro fato que não pode ser descartado: Para alguns, a escrita em terceira pessoa flui melhor. Para outros, não. Quase sempre isso tem a ver com nossos gostos literários e hábitos de leitura. Se você lê mais narrativas pessoais ou relatos míticos e lendários, seu repertório de leitura (e de escrita) será mais aprimorado num modo narrativo do que em outro.

Em Lição de Anatomia, eu optei pela primeira pessoa por duas grandes razões. A primeira era porque eu tinha mais intimidade com a escrita em primeira pessoa – sendo as Crônicas Vampirescas de Anne Rice uma das minhas grandes referências de escrita naquele momento. A segunda era que eu queria recriar as vozes dos nossos clássicos nacionais, algo que seria melhor atingido em primeira pessoa. Hmmm… tudo bem, havia também uma terceira razão: o romance não funcionava quando eu utilizava a terceira pessoa e minhas escrita empacava a cada dois parágrafos. Ou seja: faça o exercício acima e veja o que funciona melhor para você. Isso feito, siga o que pra você é mais natural, mais espontâneo e mais divertido!

Na prática, a experimentação nunca termina!  

Falando um pouco sobre os desafios e sobre o modo como vamos pouco a pouco descobrindo quem somos como escritores (ou como guerreiros, feiticeiros ou caçadores de recompensas) e quais são nossos pontos fortes ao escrever (ou ao destroçar inimigos, lançar feitiços ou perseguir foragidos), é bacana vermos o que escritores e escritoras têm a dizer sobre esse momento de planejamento e estruturação, organização que precede a própria escrita. Como veremos, trata-se de uma tarefa constante de se descobrir como funciona seu processo criativo e também suas predileções pessoais.

Graciele Ruiz e seu romance O Senhor da Luz

A escritora paulistana Graciele Ruiz, por exemplo, autora de O Senhor da Luz (Madras Teen), afirma: “Minha primeira tentativa de produzir uma narrativa longa não deu certo. Depois disso passei um longo tempo escrevendo somente contos, porque tenho mais facilidade com eles. O conto exige uma escrita prática, curta, indo direto ao ponto, sem grandes experimentações estruturais, o que coincide com a minha personalidade, já que me considero uma pessoa prática. Narrativas longas são mais desafiadoras para mim, exigem uma riqueza maior de detalhes e uma elaboração melhor tanto dos personagens quanto das cenas. Saber disso foi bem importante para meu desenvolvimento como escritora.” 

O que muitos autores destacam é o quanto cada projeto demanda estruturas e também rotinas criativas diferentes. Partindo da comum oposição entre personagens ou história, por exemplo, Samir Machado de Machado deixa claro que esse pêndulo varia de um projeto para outro. “Em Quatro Soldados, por exemplo, o que estruturou a história foram os personagens desenvolvidos, personagens que estavam comigo havia mais de dez anos, mas não tinha as histórias ainda. Já em Homens Elegantes foi o contrário, eu tinha uma história, com uma série de momentos-chave, mas os personagens foram sendo desenvolvidos conforme a trama foi sendo trabalhada.”

O escritor gaúcho também detalha como foi o processo de criação e estruturação dos dois livros – ambos publicados pela editora Rocco. “Com Quatro Soldados, foi um processo mais difícil, de cerca de oito anos, que foi o tempo não só que levei para a pesquisa histórica em si, como para desenvolver uma voz própria e um estilo. Já com Homens Elegantes, passei a adotar certa quantidade de processos. O primeiro é anotar a sequência de ideias, o esqueleto da trama, num caderninho. Nomes de personagens, referências bibliográficas, frases que me vem para diálogos. Uma vez estruturada a trama, passo para o processo de ler o que considero uma bibliografia básica de referências, tanto de não-ficção quanto de ficção, de reler obras que me inspiram ou de buscar obras fundamentais para uma determinada história.”

Samir Machado de Machado – Quatro Soldados – Homens Elegantes

Já para Eric Novello, autor de Neon Azul (Draco) e Exorcismos, Amores e uma Dose de Blues (Gutemberg), além do recém lançado Ninguém Nasce Herói (Seguinte), o que estrutura esses diferentes projetos são os personagens e seus arcos. “No Neon Azul, esse método acabou se transformando na proposta do livro em si, com cada capítulo dedicado a um personagem diferente. No Exorcismos, isso veio atrelado à construção do universo ficcional, já que se tratava de magos e uma realidade alternativa. Então para cada personagem que eu criava eu precisava entender o que ele estava acrescentado àquele universo ficcional. Já em Ninguém Nasce Herói, como a ficção é muito próxima à realidade, pude me dedicar com mais afinco a conhecer os personagens que foram se apresentando quase que completos, e partir dele ir estruturando a narrativa para fazer o enredo avançar.”

O importante é não desapercebermos do quanto cada projeto ficcional demandará um processo de estruturação e organização narrativa diferente. Mesmo no caso de autores que oscilam entre a importância dado ao percurso de um personagem ou ao desenvolvimento de uma história, há preocupação com a estruturação se faz presente com regularidade. A razão disso também é evitar os temidos bloqueios criativos. Quanto maior for a definição e o detalhamento da estrutura da sua história,  menor será a probabilidade de você sofrer com criativos becos sem saída. Mas quais seriam as formas mais usadas de estruturação para projetos literários? Vejamos.

Eric Novello – Exorcismos, Amores e Uma Dose de Blues – Ninguém Nasce Herói

Formas básicas para se estruturar uma história

Quando você começa a planejar sua história – indiferente de você estar mais focado no percurso do personagem ou na história mais geral que você deseja contar, como já discutimos na coluna IV na companhia do ciclope Mofelipo você precisa encarar um planejamento prático e estruturado de como você dividirá a sua história. Quando falamos de estrutura, estamos basicamente discutindo isso: como iremos organizar ou dividir o enredo da nossa história de uma forma que seja minimamente coerente para o leitor. Diferente de nós, ele ou ela estará entrando pela primeira vez naquele universo e precisa encontrar a casa minimamente arrumada para poder se situar e avançar por sua ainda desconhecida geografia.

E aqui, as opções são inúmeras: mais amplas e frutíferas do que os modos básicos disponíveis para começarmos nossa história. Vamos às divisões estruturais mais utilizadas por escritores e escritoras:o justamente o término de uma cena para findar o capítulo. Ou ainda, a mescla dos dois, usando a segunda opção na maioria das vezes e a primeira para momentos de conflito ou de eventos importantes.

  • Partes – A divisão em capítulos costuma ter seções textuais menores, ao passo que a divisão em partes produz grandes blocos narrativos, que podem ter extensão variada. Você também pode optar por partes para fugir dos tradicionais capítulos ou ainda usar as duas modalidades. Em A Lição de Anatomia do Temível Dr. Louison (Editora LeYa), há uma divisão em partes e em cada uma delas uma subdivisão em capítulos, escritos na forma de entradas em diários e noitários. Falando neles…
  • Dias ou Missivas – Se sua história se passa em uma data específica, com um período temporal delimitado, utilizar a divisão em dias ou através de cartas, pode funcionar. Neste caso, iremos encontrar um maior uso de narradores em primeira pessoa. Dracula, de Bram Stoker, e uma série de outras obras oitocentistas, recorrem a esta estrutura, bem como romances epistolares. Apenas cuide para não se atrapalhar nas datas, o que levaria à perda da verossimilhança temporal e, portanto, narrativa.
  • Horas – Se você está buscando um efeito literário mais cinematográfico e uma história que poderia acontecer em tempo real, a opção por dividi-la em horas e minutos também pode funcionar, produzindo uma sensação de urgência e de perigo, com a história levando você, frase a frase, minuto a minuto, ao clímax, como se houvesse uma contagem regressiva. Os amados (e odiados) romances de Dan Brown seguem essa estrutura.
  • Atos Dramáticos – Quando falamos de “atos”, estamos recorrendo a uma terminologia que é mais teatral do que romanesca ou literária. Na tragédia clássica – dos gregos a Shakespeare – era comum a divisão em cinco atos, cada um deles tendo um clímax ou conflito importante a ser apresentado e desenvolvido, apesar de nem sempre resolvido. Pensar em cinco pontos dramáticos na sua narrativa também pode funcionar, deixa a resolução deles para o ato final. Um adendo: você pode dividir seu romance em capítulos ou partes tendo em mente atos dramáticos. Tais estratégias nunca são excludentes.
  • Atos Cinematográficos – Aqui, serve o mesmo que escrevemos acima, porém a divisão é aquela que nós encontramos na grande maioria dos filmes comerciais que adoramos. A narrativa é dividida em Começo (Apresentação do Mundo, dos Personagens e do Conflito), Meio (Intensificação do Conflito) e Fim (Resolução do Conflito). Apesar de aparentemente simples, essa estruturação é uma das mais eficazes.
  • Arcos de Personagens – Por fim, outra forma que podemos escolher para estruturar nossa história é nos concentrarmos no(s) arco(s) do(s) nosso(s) personagem(ns) ou protagonista(s). Neste caso, nos concentraremos em como iremos levar nosso herói ou heroína do ponto A até o ponto Z e o que irá acontecer entre eles. Quanto mais personagens tivermos, mais arcos teremos de construir, e ainda mais trabalho teremos na hora de os entrecruzarmos, o que pode ser bem desafiador para autores que estão batalhando com projetos iniciais. Não é a toa que George R.R. Martin esperou bastante tempo para enveredar por essa via com suas Crônicas de Gelo e Fogo.

A título de exemplo de como essas várias opções não são excludentes, deixem-me falar um pouco de A Alcova da Morte. Nesse romance, eu, AZ Cordenonsi e Nikelen Witter optamos por dividi-lo em capítulos tradicionais – 21 no total –, sendo que cada um se passaria num dia diferente. Partimos de três arcos de personagens específicos, cada um associado a um herói diferente: a investigadora Maria Tereza Floresta, o dândi místico Remy Rudá e o engenheiro positivista Firmino Boaventura. Além de capítulos, datas e arcos de personagens, também levamos em conta os três atos cinematográficos, construindo os capítulos 1-6 como apresentação do mundo e dos personagens, os capítulos 7-15 como intensificação do conflito e os capítulos 16-21 com sua resolução. Ou seja: encare as possibilidades acima como ingredientes de uma receita. Caberá a você usar quais achar necessário para produzir sua história.

Guanabara Real – A Alcova da Morte e seus Autores

Todas essas opções são caminhos estruturais que podem nos ajudar no desafiador momento inicial de começar a transpor o que imaginamos em nossa cabeça para o papel. Lembrem-se: uma coisa é o que queremos contar e outra é o como faremos isso. As opções discutidas acima são as mais frequentes, mas você pode criar as suas. Fique atento ao mais importante de todo esse processo: veja quais as armas e técnicas combinam mais com você. Entre Sabres de Luz, Varinhas Mágicas e Pistolas Lazer, você se sai melhor com qual? Você nunca saberá antes de testar cada uma delas. Isso feito, é com você descobrir se seu destino é se tornar um Cavaleiro Jedi, um Mago em Hogwarts ou um Mercenário Interestelar.

Vamos agora colocar essas ideias em prática? Para tanto, eis aqui o décimo exercício criativo da nossa coluna.

EXERCÍCIO CRIATIVO 10:

PEGUE O ARGUMENTO DE SUA HISTÓRIA, QUE DEVE TER EM TORNO DE 1000 PALAVRAS, E DIVIDA-O NA FORMA DE UM ROMANCE ESTRUTURADO EM CAPÍTULOS, PARTES, ATOS, MARCAS TEMPORAIS OU ARCOS DE PERSONAGENS.

No exercício acima, nada impede você de testar sua história em cada uma dessas estruturas básicas ou até mesmo de criar outras. Como no exercício anterior, a ideia é você abraçar a experimentação e descobrir a) qual dessas formas é mais eficaz para a história que você deseja contar e para o efeito que deseja produzir; e b) qual dessas opções é mais fluida e frutífera de acordo com seu modo de trabalhar e criar.

Vamos agora ao final do nosso percurso neste mês? Purple Tree está nos esperando para terminar de contar sua aventura!

O Ente da Floresta Purple Tree, de Jessica Lang

Conclusão: Galhos e Ramos como Braços e Dedos

Para concluir a seção deste mês, gostaria de convidar vocês a pensarem numa árvore – ou num Ente da Floresta – como uma boa metáfora para uma história longa e suas ramificações. Quando pensamos, em linhas gerais, no enredo da nossa história e o resumimos em uma página ou duas, num único bloco textual, é como se estivéssemos vendo o tronco do que futuramente será nosso romance. Quando dividimos esse sumário numa estrutura básica – de capítulos, partes ou arcos – o que fazemos é chegar aos galhos desse tronco.

Quanto mais avançamos no detalhamento e na escrita da nossa história, mais vemos os ramos, folhas e frutos dessa árvore metafórica ou desse Ente que está prestes a continuar sua história. Deixando de lado nossa metáfora, na expectativa de que você não esqueça dela, vamos voltar ao nosso caro Purple Tree.

Depois de sofrer os revezes da chegada dos homens e seus machados, Purple perdeu a floresta dos seus antepassados. Como se trata de um jovem Ente que sempre teve um espírito aventureiro e rebelde, ele desprendeu suas raízes e suas correntes e partiu pelo mundo, em busca de outras companhias, saberes e aventuras.

Tendo uma mentalidade alto astral e sendo amante da natureza como só um Ente pode ser, Purple Tree embarcou numa Kombi hippie e agora tem viajado pelo mundo em busca de novas orientações, participando de passeatas contra o desmatamento natural e aconselhando a humanidade a encontrar novas soluções para seus antigos e velhos problemas. Ele também tem um conselho a dar a novos escritores e escritoras que estão batalhando com suas primeiras histórias:

“Partam dos modelos anteriores, mas inventem e experimentem com novas formas de contarem suas aventuras em série, as desventuras de seus heróis e heroínas e suas muitas agruras. As histórias podem ser quase sempre as mesmas, mas as formas que encontramos para contá-las, podem e devem ser inovadoras e surpreendes!”

Valeu pelas palavras, Purple Tree. Agora que aprendemos um pouco com o mestre, podemos voltar às nossas mesas de trabalho. Nos vemos em um mês, quando voltaremos aqui na companhia de assombrosos lupinos para discutir com vocês Criação de Mundos Fantásticos!

Um abraço & boas aventuras, reais ou imaginárias!

Enéias Tavares, o autor desta coluna é o criador de Brasiliana Steampunk (Editora LeYa) e coautor de Guanabara Real (Editora Avec), duas séries literárias ambientadas em um Brasil retrofuturista. É também um dos coordenadores do projeto Bestiário Criativo e professor de Literatura Clássica na UFSM. Nas poucas horas vagas, cozinha, corre e cuida de duas panteras domésticas, além de coordenar o projeto Fantástico Brasileiro, uma história da Literatura Fantástica no Brasil, ao lado de Bruno MatangranoJessica Lang, a artista responsável por Purple Tree e por outras criaturas deste assombroso bestiário, é designer e uma das criadoras da web comic Metalmancer, ao lado de Andrio Santos. Enéias confessa que ainda sonha em um dia partir pelo mundo numa combi multicolorida na companhia de Purple Tree e outras criaturas exóticas e divertidas. Quem sabe no futuro?