Desencanto Desencanto

Desencanto desencantará na segunda temporada?

A receita parece fácil: junte toda a experiência e a comédia típica de Matt Groening, some com pitadas de Monty Python e com um cenário medieval prontinho pra mangar (no bom cearencês) de toda a saga Game of Thrones. A série conta a história de Bean, uma princesa longe dos padrões esperados para tal função, e seus dois amigos inusitados. Elf, um bom e até ingênuo elfo, e Luci, um “cãozinho” malicioso, um mini demônio. Parece sucesso pronto, mas a primeira parte de Desencanto, que estreou em agosto de 2018, na Netflix, não alcançou o sucesso de outras obras de Matt, como Simpsons ou Futurama. Calma, isso não é necessariamente um problema, e vou dizer o porquê , ou melhor, “os porquês”.

Matt Groening, creator of The Simpsons with cut out of Homer Simpson, London, 16th August 2000. (Photo by Colin Davey/Getty Images)

Alta expectativa: Tudo que envolve um criador de série do cacife de Simpsons, uma das mais bem sucedidas séries animadas da história da televisão mundial, eleva a expectativa da audiência. Desencanto sofre com isso. Não assista esperando um novo Simpsons, pois não é.

Narrativa para streaming: Escrever para streaming não é a mesma coisa que escrever para a televisão. Tenho pesquisado e observado isso. Apesar de um time extremamente capacitado e toda a experiência, Desencanto é a prova de que todos nós somos novos nesse negócio de criar para uma plataforma. Uma plataforma que inovou, e vai inovar mais ainda, no hábito e na absorção de conteúdo do espectador. As piadas sarcásticas e divertidas que funcionariam 100% na TV, podem não dar certo no streaming. A divisão da narrativa com um timing um pouco equivocado, a não profundidade de alguns personagens, mesmo em uma comédia besteirol, fazem a diferença. É difícil mesmo, e estamos vivendo um momento histórico na maneira de produzir audiovisual. E nem sempre acertamos.

Mas tenha calma! A boa notícia é que Desencanto é divertido. A atuação dos atores das vozes originais é impecável. A evolução da parte técnica da animação fica visível e de fácil comparação quando temos a história de Matt Groening e centenas de episódios produzidos em mais de 30 anos de trabalho. E, apesar de despretensiosa, a primeira temporada deixa um bom gancho para a segunda temporada, que estreia no dia 20 de setembro, ainda esse ano, na Netflix.

Quer um conselho? Assista à primeira parte. Tire suas conclusões. Ria e se prepare para a segunda. Ao meu ver, há muito o que se explorar em mais um universo criado por Matt.

https://www.youtube.com/watch?v=iHhvt3ZLJuQ