Nove anos após o lançamento de Zootopia, a Disney retorna ao universo onde diferentes espécies convivem em uma sociedade moderna marcada por contrastes, tensões e boas doses de humor. Zootopia 2, dirigido por Byron Howard e Jared Bush, chega aos cinemas com expectativas elevadas e a missão de ampliar o impacto do longa vencedor do Oscar. A nova produção abraça essa ambição ao expandir territórios, introduzir personagens inéditos e aprofundar discussões inauguradas no primeiro filme.
A trama da continuação
A história acompanha novamente Judy Hopps e Nick Wilde, agora parceiros oficiais na polícia da cidade. A dinâmica entre os dois continua sendo motor narrativo importante, especialmente porque suas personalidades opostas geram atritos constantes. Logo no início, a dupla se envolve em uma perseguição que desafia as ordens do Chefe Bogo, evento que abre caminho para uma investigação maior: o roubo de um livro histórico ligado às origens da cidade.
Essa nova ameaça revela uma camada do universo ainda inexplorada. Se o primeiro filme lidava com divisões entre predadores e presas, Zootopia 2 volta o olhar para a exclusão de outras espécies — especialmente répteis e animais aquáticos. A descoberta de que Zootopia foi planejada apenas para mamíferos terrestres cria um conflito maior, estabelecendo uma reflexão sobre segregação e desigualdade. A sequência consegue levar essa discussão adiante ao mostrar como a cidade tornou invisíveis grupos inteiros que não se encaixavam em seu plano original.
Entre os destaques da expansão do universo está Gary De’Snake, uma víbora envolvida no roubo do livro e que se torna peça chave para a trama. Dublado por Ke Huy Quan, o personagem aparece como contraponto à desconfiança dos protagonistas e ajuda a ampliar o leque temático ao expor como certas espécies foram relegadas a espaços isolados da cidade. Ele também é responsável por alguns dos momentos mais marcantes da animação, reforçando a habilidade dos animadores em criar figuras visualmente expressivas.
A produção ainda apresenta outros novos residentes, como a família Lynxley, descendentes do criador das barreiras climáticas que definem os diferentes bairros da cidade. A partir dela, o filme leva Judy e Nick a regiões inéditas — do deserto ao ambiente alpino, passando por áreas costeiras planejadas para mamíferos marinhos. Essas sequências reforçam a força visual do estúdio, que preenche cada cenário com detalhes pensados para recompensar o olhar atento.
Além das novidades, Zootopia 2 reencontra figuras queridas do público, como o Sr. Big, a Gazelle e a emblemática preguiça do Detran. Há também uma série de referências bem-humoradas a ícones da cultura pop, elementos que ajudam a manter o ritmo leve mesmo quando a história se volta para dilemas estruturais da cidade.

A trilha sonora assinada por Michael Giacchino reforça a grandiosidade da sequência, enquanto a apresentação da Gazelle retoma um dos aspectos mais memoráveis do original. Já o humor continua funcionando tanto para crianças quanto para adultos, combinando piadas visuais com trocadilhos envolvendo a fauna da cidade.
Crítica: vale à pena assistir Zootopia 2?
Animação da Disney cumpre seu dever como sequência
No fim, Zootopia 2 cumpre a tarefa de revitalizar um universo que continua fértil para novas histórias. A sequência amplia temas relevantes, fortalece a química entre Judy e Nick e apresenta personagens que justificam plenamente o retorno a esse mundo. Trata-se de uma expansão coerente e envolvente, capaz de agradar fãs antigos e novos espectadores.