A adaptação de boardgame do jogo X-Com dividiu muitas opiniões no seu lançamento, o jogo de Eric Lang (Blood Rage) preferiu adaptar o aspecto de gerenciamento de recursos do jogo original e evitar o combate táctico do qual a obra é mais conhecida. Eu mesmo fui um dos que fiquei bem desapontado quando vi a ideia, esperando um jogo mais focado no combate. Além disso sempre há aquela polêmica de usar um app para o jogo analógico, deixando os jogadores mais tradicionais incomodados.
Só com esses tópicos já podemos ver como X-Com é um jogo diferente e polêmico. Depois de jogar algumas partidas eu aprendi a respeitar o jogo como ele é e até preferir essas escolhas de design. O X-Com de Eric Lang poderia ter sido mais um dos milhares de jogos ameritrash cooperativos com miniaturas legais e combate táctico sem criatividade que vemos por aí. Felizmente o jogo ousa e tenta trazer algo novo para o hobby, experimentando em algumas coisas e apostando no clichês em outras.
Mas um dos grandes méritos de X-Com é resolver um problema recorrente em jogos cooperativos: O Alpha Player. De forma resumida, o Alpha Player é aquele jogador que quer jogar por todo mundo, quer controlar todos os personagens e sabe (ou acha que sabe) as melhores estratégias, acabando assim com a diversão de todos na mesa. Caso você queria saber mais, pode ler o artigo que escrevi sobre o assunto.
X-Com consegue resolver o problema do Alpha Player de uma forma bem criativa usando dois elementos. Ao colocar uma fase do jogo cronometrada através de um aplicativo, ele não só traz uma inovação tecnológica para os boardgames, mas também consegue diminuir o tempo de tomada de decisão. O segundo elemento inovador é a divisão dos jogadores em papéis, cada jogador representa um personagem que “só” pode fazer ações específicas durante a partida. Isso parece sem graça quando se lê, mas ao brincar usando essa divisão de papéis aliada a um tempo cronometrado, o jogo causa uma tensão e uma tomada de decisão no melhor estilo de um thriller de ação. Esses dois elementos separados não evitariam o Alpha Player, mas ao juntar os dois os jogadores não tem tempo para discutir, pois estão com uma corda no pescoço.
X-Com pode não ser um jogo perfeito, o fator sorte do seu gameplay ainda me incomoda um pouco e obviamente ele poderia usar essa sorte de uma forma mais criativa. Mas a forma como ele adapta um jogo digital para o analógico e usa o aplicativo para criar uma tensão é muito bem feito e digno de palmas. Além de tudo isso ele tenta ao máximo a resolver um dos grandes problemas dos jogos cooperativos: O Alpha Player. Essa prática sempre vai existir até mesmo em jogos desse tipo, mas é muito interessante ver grandes designers experimentando para trazer experiências cada vez mais diversas para nosso hobby.
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