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Weird West

Immersive Sim é um dos gêneros de jogos mais difíceis de se explicar. Geralmente é usado para descrever jogos em que você pode resolver os desafios de diferentes maneiras. Além disso, também possuem sistemas “vivos” que podem ser combinados e interagir entre si. Apesar de ser um gênero geralmente atribuído a jogos em primeira pessoa, Weird West, da Devolver Digital, mexe nessa fórmula e traz um Immersive Sim isométrico. E, teoricamente, não teria ninguém melhor para desenvolver esse jogo do que Raphaël Colantonio, um dos fundadores da Arkane, responsável pelos jogos da série Dishonored. Mas será que Weird West consegue entregar essa experiência? Confira no nosso review sem spoilers.

Weird West é primariamente um jogo de tiro em top down. Você inicia jogando com uma ex-caçadora de recompensas que teve seu filho morto e o marido capturado por uma gangue. Agora, terá que pegar suas armas e buscar vingança. Mas ela não é a única personagem que você vai controlar. O jogo é dividido em 5 pequenas histórias, cada uma com um personagem com background e mecânicas diferentes. No decorrer da jogatina, você vai percebendo que suas tramas estão interligadas.

Essa é uma das decisões de design mais intrigantes e ousadas do jogo. Apesar de não fazer sentido em alguns momentos, eu aplaudo a vontade de fazer algo diferente. Narrativamente, isso permite ao jogo brincar com histórias mais curtas com início, meio e fim. Cada personagem possui mais ou menos umas 5 horas de gameplay da história principal e, apesar da qualidade narrativa e da mecânica variar, você não vai perder muito tempo em um personagem que não gosta. Em um mundo de jogos gigantes com mais de 100 horas, existe uma simplicidade positiva em focar em histórias menores. Além disso, existe uma trama maior acontecendo e que vai se desenrolando e ficando mais interessante enquanto você joga. O jogo possui um começo mais lento, mas o mistério que foi se revelando me deixou intrigado para ver o que ia acontecer.

Apesar da mudança de personagens funcionar bem narrativamente, mecanicamente ela é um pouco estranha. Ao finalizar com um personagem, você perde todo seu progresso de itens e suas habilidades únicas, sobrando somente as habilidades passivas que são comuns a todos. Por motivos que não são explicados, seus itens guardados no banco e nos cavalos continuam disponíveis. A parte boa é que os personagens passados continuam no mundo e podem ser chamados para seu bando com a desculpa de continuar investigando os eventos estranhos que os conectam. Quando o personagem entra no seu bando, você pode pegar os itens que ficaram no inventário dele. Um pouco confuso e pouco imersivo.

Esse fator dos ex-personagens principais virarem NPCs vivendo suas vidas é um detalhe de uma das coisas mais legais de Weird West. Algo que foi muito vendido no marketing é que este é um mundo vivo. Se você sair matando todo mundo de uma cidade, ela vai ficar abandonada e podem aparecer monstros lá até o final do jogo. Além disso, praticamente todos personagens do jogo podem ser mortos e a progressão se adapta bem a essas quebras. Infelizmente, ele raramente te incentiva a sair dos trilhos, mas, nas vezes em que eu fiz isso, tentando interpretar meu personagem, foi bem interessante ver qual foi a reação do jogo. Em um certo momento, descobri que um personagem importante tinha negócios com meus inimigos e queria minha ajuda para me dar uma informação. Eu simplesmente matei ele, roubei os documentos que precisava e fugi do local cheio de guardas atirando em todo mundo. Apesar de geralmente eu tentar ser o bonzinho, esses momentos em que fugi do caminho do jogo foram os mais divertidos, de longe.

Infelizmente, você vai passar muito tempo em Weird West interagindo com suas mecânicas um pouco truncadas e mal otimizadas. As mecânicas de Stealth são úteis, mas te oferecem poucas ferramentas, deixando a experiência bem difícil. O tiroteio pode ser divertido, porém, os controles são bem ruins, tornando a experiência frustrante muitas vezes. Os personagens geralmente têm habilidades divertidas que mudam o gameplay, mas esse não é o forte do jogo. Teoricamente, existem formas de usar o cenário a seu favor, chutando barris e misturando os diferentes elementos para criar armadilhas para seus inimigos. Sinceramente, eu quase não usei isso. Isso se dá ao fato de que, quando você monta um time de 3 pessoas, o tiroteio acaba ficando muito fácil e caótico. Você não consegue se planejar muito bem e o resultado é geralmente sair atirando a esmo.

Outros fatores complicadíssimos são a interface e a experiência do usuário nos menus. Navegar pelos inventários e outras telas é chato e burocrático. Fazer loot nos inimigos no começo do jogo é muito importante, entretanto, isso vai fazer com que você encha seu inventário e repita o processo chato de quebrar armas para conseguir balas.

Apesar desses problemas, dá para perceber que Weird West é um jogo ousado que precisava de mais polimento. A parte narrativa, de escolha de missões e imersão no mundo funcionaram muito bem para mim. Achei as side quests meio repetitivas mas, felizmente, a história principal é interessante o suficiente para me deixar intrigado, conseguindo inclusive entregar um final satisfatório. Embora tenha gostado do jogo, fica um pouco difícil indicá-lo – a não ser que você curta muito este gênero. Recomendo testar no Gamepass e ter um pouco de paciência no começo, pois você pode acabar descobrindo uma pepita de ouro no meio da bagunça que é o jogo.