O texto a seguir contém SPOILERS de Wayward Pines. Se você ainda não viu, pode acreditar em mim quando digo que você precisa assistir o mais rápido possível.
Sabe aquela série que ninguém espera muita coisa e acaba sendo uma enorme e deliciosa surpresa? Wayward Pines entra definitivamente para essa lista. É a dose semanal de pensamento que o seu cérebro tem que tomar. Um remédio, até certo ponto, para o que anda sendo produzido ultimamente.
Disse em um texto que fiz tempos atrás que nem tudo é o que parece em Wayward Pines. E na real, eu estava certo. Para o bem e para o mal. Algumas surpresas intrigantes e outras muito broxantes habitaram os 10 episódios. Mas nem tudo é realmente perfeito.
A série conta a história do agente do Serviço Secreto Ethan Burke (Matt Dilon), que vai para Wayward Pines, em Ohio, em busca de dois agentes desaparecidos e acaba descobrindo um mistério na região. Ele acaba criando alguns inimigos e se vê mais preso à cidade do que imaginava. Eu sei que essa é a sinopse pura e fria. Mas você vai me agradecer por ir descobrindo cada mistério escondido nas ruas e casas dessas maldita pacata cidade interiorana.
A história se desenvolve de forma lenta, mas nunca tediosa. O primeiro contato, que pra muitos é o mais importante, já é suficiente para gerar a famosa pulga atrás da orelha do espectador. Ou como gosto de chamar, a sensação de “quero mais”. Os personagens estranhos e por muita vezes caricatos despertam a curiosidade. E é natural que nossa mente vá se acostumando com tudo aquilo à medida em que Ethan se aprofunda nos segredos de Wayward Pines.
Claro que o material base da série é importante para o resultado final, mas é com a mão pesada de M. Night Shyamalan que as coisas vão pra frente. Quem tem uma mínima carga cultural dos filmes do diretor (mesmo se viu apenas O Sexto Sentido) consegue enxergar sua paixão por desenrolar cada centímetro de um mistério. Tornando-o deliciosamente traiçoeiro.
Pena que o filho geralmente carrega os pecados do pai. Nesse caso, alguns furos de roteiro realmente incomodam. Quando se descobre o que de fato está acontecendo, falta um impacto maior. Claro que você vai soltar um PQP, mas em certos momentos vai acabar esquecendo do pano de fundo. E por incrível que pareça, os últimos trabalhos de Shyamalan passaram pelo mesmo problema. Algumas atuações também deixam a desejar. Mas esse é meu lado “chato de galocha” aflorando.
O season finale é bem trabalhado até 95% do tempo. Mas os outros 5% podem te fazer jogar o controle na TV ou no PC. As melhores de cenas de ação e os melhores efeitos especiais (até o ponto em que o orçamento de uma série permite) estão lá. Mas o desfecho se torna um buraco imenso em algo que vinha sendo bem trabalhado. Alguns furos podem mesmo se tornar um enorme problema.
Comparações com Lost e Twin Peaks são inevitáveis. Mas felizmente, ou infelizmente, Wayward Pines não é nenhuma das duas. É o tipo de série que será esquecida daqui alguns anos. Mas que vai te deixar sem sono enquanto habitar sua mente.
Sei que “prometi” SPOILERS no início desse texto. Mas já deu pra perceber que mudei de ideia. Quero que vocês sintam o mesmo que eu senti. E tentando expressar em forma de imagem, seria mais ou menos assim: