Vá para a sessão de Vingadores: Guerra Infinita tranquilo. Tudo que a Marvel Studios aprendeu a fazer ao longo desses 10 anos de universo cinematográfico estará muito bem impresso nas telas: um verdadeiro festival de cores e bom uso dos poderes de seus personagens, dando abertura para conjecturarmos sobre o que virá pela frente.
Isso porque o filme funciona sim como primeira parte de uma história completa se levarmos em conta todo o arco dado a Thanos (Josh Brolin). Declarações anteriores tentavam despistar esse fato, muito para não atrapalhar a expectativa dos fãs mais neuróticos. Porém, a forma como os irmãos Joe e Anthony Russo junto com os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely apresentam sua jogada é corajosa.
Coragem, aliás, é algo em abundância na Marvel Studios já que o desafio para Guerra Infinita entregar algo de qualidade era imenso. Podemos argumentar de que o verdadeiro marco foi Vingadores (a escala aqui é muito maior em relação ao longa de 2012 de Joss Whedon), mas já em Era de Ultron, em 2015, víamos uma significativa perca de fôlego nesse formato de superequipe. Era preciso um jogo muito mais inteligente de expectativa e entrega. O jeito foi quebrar esse laço em Capitão América: Guerra Civil e trazer de uma vez por todas um dos vilões mais temidos da Casa das Ideias.
A trama de Vingadores: Guerra Infinita contempla Thanos e sua busca pelas Joias do Infinito, artefatos que possuem poder inestimável, a fim de trazer equilíbrio para todo o universo de modo genocida. Cada uma se encontra em determinado local do espaço, então ele envia seus generais da Ordem Negra para recuperar as que estão na Terra. São 10 anos de universo Marvel num mega crossover nunca visto antes nos cinemas.
A Joia da Alma, objeto de mil e uma teorias dos fãs, encontra sua revelação aqui (e ela está num local que você nem desconfiava).
Equilibrar tantos núcleos não é algo fácil, mas se tem uma coisa que os irmãos Russo se especializaram é em resolver esse tipo de confusão. Temos como mesclas mais interessantes aqui os universos de Doutor Estranho com Homem de Ferro e Homem-Aranha, Guardiões da Galáxia com Thor e o foco em Wakanda, onde o resto dos heróis se misturam com o recém-lançado Pantera Negra. E o que não falta são piadas e interações engraçadas entre todos esses personagens.
Melhor vilão da Marvel, ou quase isso
O capricho dado no visual do Louco de Titã é algo marcante. Suas expressões estão bem detalhadas e fiéis aos traços de Josh Brolin. Sem explicar demais, Vingadores: Guerra Infinita consegue transmitir as intenções e motivações do personagem, que possui grau interessante de intensidade emotiva. Juntando isso aos seus ideais de equilíbrio do universo, temos uma adaptação digna do vilão apaixonado pela Morte nas HQs. Talvez o único vilão Marvel melhor trabalhado nos cinemas do que Thanos seja Killmonger. Fica aí a disputa.
As referências aos quadrinhos são diversas, mas podemos destacar aqui Desafio Infinito (escrita por Jim Starlin e desenhada por George Perez em 1991) mais do que se imagina, e não apenas com Bruce Banner (Mark Ruffalo) fazendo o papel que seria do Surfista Prateado ao avisar sobre a chegada de Thanos. Vale indicar aqui também toda a fase de Jonathan Hickman à frente dos Vingadores, principalmente na saga Infinito, que conta com a presença da Ordem Negra que está bem retratada no filme, apesar de alguns deslizes em relação ao destino deles em Vingadores: Guerra Infinita.
O final impactante do filme torna a cena pós-créditos ainda mais importante, onde teremos muito o que conversar até o lançamento de Vingadores 4. Como ponto negativo, fica apenas algumas cenas marcantes dos trailers que não foram parar na edição final. Algumas inclusive sendo totalmente alteradas para passar informações falsas sobre a trama, tirando de cena personagens que apareciam nos materiais de divulgação. A Marvel pediu para os fãs e imprensa não revelarem nada sobre o filme previamente, mas acabou fazendo algo até pior: passou falso spoiler.
Vingadores: Guerra Infinita estreia dia 26 de abril nos cinemas.