Uma noite no assombroso hotel de Lady Gaga

O texto a seguir pode conter SPOILERS do primeiro episódio de American Horror Story: Hotel.

American Horror Story pode se orgulhar de sempre buscar não cair no marasmo. Alterar o ambiente e a temática a cada nova temporada é uma chance de dar fôlego para a atração. Mesmo que algumas temporadas não tenham caído no gosto do público, já passamos por uma casa mal-assombrada, um hospício, uma reunião de bruxas e um circo dos horrores. Agora o terror volta seus olhos para um hotel, figura tão presente e ao mesmo tempo tão banalizada no dia a dia corrido da sociedade.

Não que seja algo inédito na cultura de filmes e séries, inclusive não consegui tirar o ótimo longa 1408 da cabeça enquanto acompanhava o episódio piloto. Se você já teve a oportunidade de conhecer, sabe que um hotel tem um clima único, algo místico, por mais simples que seja a instalação. E o palco principal da nova temporada de AHS não economiza no luxo e estranheza. Os ambientes sempre costumam roubar a cena desde o primeiro ano da série.

A trama se desenvolve seguindo a receita de bolo das temporadas anteriores. Os personagens principais são apresentados, novos e velhos rostos surgem na tela. Um pouco de horror aqui, umas pitadas de gore acolá e uma colher de mistério para capturar a atenção do espectador. Mas como eu disse antes, American Horror Story busca não cair no marasmo. Por isso chamaram a mulher que não gosta do comum: Lady Gaga.

Deixando a qualidade de Lady Gaga como atriz de lado, é preciso reconhecer sua função de atrair público para o novo ano da série. Longe de arranhar o prestígio de Jessica Lange, que fará falta na nova temporada, a cantora divide o protagonismo com o tal hotel do título. São artifícios usados para sobreviver no cada vez mais concorrido mundo das séries.

Outros nomes conhecidos também fazem parte dessa tentativa de reanimação, como Matt Bomer e Wes Bentley. Longe de realmente assustar, American Horror Story: Hotel opta pelo caminho da estranheza para criar algum tipo de desconforto. Um estupro feito por um tipo de demônio, uma orgia que termina em banho de sangue, crianças zumbis e um assassino nos moldes de Hannibal. Tudo isso permeia o primeiro episódio e deve ser melhor explicado no decorrer da temporada.

Mas fica uma sensação de que algo não está certo ao final do episódio. Mesmo ao som de Hotel California, não me senti completamente fisgado quando os créditos subiram. Falta algo que as outras temporadas de AHS tinham e que essa precisa resgatar.

Invocando John Cusack e o já mencionado 1408, dou a American Horror Story: Hotel três caveiras. O quarto era bom, mas o serviço deixou um pouco a desejar.