Uma Batalha Após a Outra (2025) - Crítica do Filme dirigido por Paul Thomas Anderson Uma Batalha Após a Outra (2025) - Crítica do Filme dirigido por Paul Thomas Anderson

Uma Batalha Após a Outra (2025) | Crítica do Filme

Paul Thomas Anderson retorna ao cinema com Uma Batalha Após a Outra (One Battle After Another), adaptação livre de Vineland, romance de Thomas Pynchon. Estrelado por Leonardo DiCaprio, o longa combina suspense, comentário político e uma visão ácida sobre o passado e o presente dos Estados Unidos. Leia a nossa crítica do filme.

O pano de fundo político e a herança do radicalismo: sobre o que Uma Batalha Após a Outra fala

O filme se inicia nos anos 1980, no governo Reagan, acompanhando Bob Ferguson (DiCaprio), especialista em explosivos, e sua parceira Perfidia Beverly Hills (Teyana Taylor). Eles lideram o grupo revolucionário French 75, que realiza ataques contra políticos, resgata imigrantes detidos e defende causas ligadas a direitos civis. Em paralelo, surge a figura do Coronel Steven Lockjaw (Sean Penn), militar conservador dividido entre sua atração por Perfidia e seu alinhamento com a extrema direita.

Essa tensão inicial abre caminho para uma trama que atravessa décadas, questionando tanto os excessos da militância quanto a ascensão de movimentos autoritários. Anderson posiciona seus personagens em meio ao fluxo e refluxo do radicalismo americano, revelando como cada geração herda as consequências das batalhas anteriores.

De revolucionário a pai em fuga

Após um assalto fracassado e a prisão de Perfidia, Bob se refugia com a filha Willa (Chase Infiniti). O filme avança 15 anos e mostra o personagem vivendo em uma cidade santuário, afastado da militância, entregue a vícios e lembranças. A aparente calmaria se rompe quando Lockjaw ressurge, agora ligado a uma organização supremacista chamada “Aventureiros de Natal”, e decide perseguir Bob e Willa para apagar vestígios de seu passado.

Essa segunda metade é marcada por uma longa perseguição pelo deserto da Califórnia, com Anderson explorando o formato VistaVision para ressaltar a grandiosidade da paisagem e a tensão crescente. A relação entre pai e filha se torna o centro emocional da narrativa, equilibrando drama íntimo e espetáculo político.

Uma Batalha Após a Outra (2025) - Filme dirigido por Paul Thomas Anderson - Fatos e Curiosidades

A estética e as influências de Paul Thomas Anderson no filme

Assim como em obras anteriores, Anderson dialoga com diferentes tradições do cinema americano. A inspiração em faroestes como Rastros de Ódio se mistura ao thriller político e ao neo-western. A trilha de Jonny Greenwood alterna entre o jazz e o minimalismo angustiante, reforçando o clima de paranoia.

O diretor não evita o sarcasmo e a sátira. Lockjaw é retratado como um vilão caricato, mas enraizado em figuras reconhecíveis da política atual. Já Bob encarna a ambiguidade do revolucionário envelhecido, que tenta conciliar o desejo de proteger a filha com o peso de sua história.

Crítica: Uma Batalha Após a Outra é um filme sobre resistência e futuro

Uma Batalha Após a Outra é tanto um épico de ação quanto uma reflexão sobre memória e luta coletiva. Ao mesmo tempo em que expõe a brutalidade dos sistemas repressivos, também sugere a existência de redes de solidariedade invisíveis, como o personagem de Benicio Del Toro, que auxilia imigrantes a escapar da perseguição.

No desfecho, Paul Thomas Anderson oferece uma nota ambígua: a luta parece interminável, mas o filme insiste que ainda há futuro a ser conquistado. O título pode soar como lamento, mas também funciona como chamado à resistência.

Com DiCaprio em uma atuação intensa, Sean Penn em registro surpreendente e um elenco de apoio robusto, Anderson entrega uma obra que dialoga diretamente com o presente político, sem abrir mão da forma cinematográfica que consagrou sua carreira.