Um. Natal. Surreal. (2025) - Crítica do filme natalino do Prime Video Um. Natal. Surreal. (2025) - Crítica do filme natalino do Prime Video

Um. Natal. Surreal. (2025) | Crítica do Filme | Prime Video

A jornada de uma mãe em busca de reconhecimento

O lançamento natalino do Prime Video, “Um. Natal. Surreal.”, dirigido por Michael Showalter, constrói sua narrativa a partir de um ponto de vista pouco explorado nas comédias festivas: o desgaste emocional das mães que sustentam as tradições familiares. A protagonista, Claire Clauster, dedica meses a planejar um Natal perfeito, esperando que este seja finalmente o ano em que sua família reconheça seu esforço — ou, no mínimo, a indique ao concurso de “mãe natalina” no programa The Zazzy Tims Show, que ela acompanha com devoção.

O filme acompanha a frustração de Claire quando seus filhos adultos ignoram seus pedidos e seguem imersos em seus próprios dilemas. Channing, a filha mais velha, deseja criar tradições próprias com sua família, mas teme decepcionar a mãe. Taylor, a filha do meio, mantém um ciclo de inseguranças afetivas. Sammy, o caçula, segue dependente e pouco responsável. O Natal planejado meticulosamente por Claire começa a ruir quando ela percebe que ninguém a escuta.

A situação ganha um ponto de virada quando Claire, exausta, reage de forma impulsiva e hilária ao competir com a vizinha Jeanne pelo “melhor presente”. O gesto acaba desencadeando uma sequência caótica que culmina no momento em que a família simplesmente sai de casa sem notar sua ausência — uma lembrança direta à estrutura de “Esqueceram de Mim”, aqui reinterpretada sob a perspectiva da invisibilidade materna.

A fuga de Claire e sua inesperada chegada ao The Zazzy Tims Show

Cansada de ser ignorada, Claire deixa a própria casa na véspera de Natal. A noite vira um desastre: um motel barulhento, um carro guinchado e a compra impulsiva de uma sucata transformam sua escapada em uma comédia amarga. Sem rumo, ela decide dirigir até Burbank e ir diretamente ao estúdio do programa que tanto admira.

A partir daí, o filme adota tom de fantasia natalina. Confundida com uma das participantes do especial, Claire sobe ao palco e ganha destaque ao relatar, com sinceridade, como se sentiu deixada de lado pela família. O depoimento emociona o público e chama a atenção da apresentadora Zazzy Tims, que se torna uma espécie de guia emocional da personagem.

No dia seguinte, Claire descobre que o programa convidou sua família para um reencontro ao vivo — algo que ela não esperava e para o qual ainda não se sentia preparada.

Claire perdoa sua família?

A reconciliação entre Claire e Channing conduz o núcleo dramático da reta final. As duas verbalizam mágoas antigas: Channing se sentia menos valorizada do que os irmãos; Claire, por sua vez, tinha medo de perder a filha para uma vida independente. A conversa sincera permite que mãe e filha encontrem um novo ponto de equilíbrio. O restante da família também reconhece falhas, especialmente o marido Nick, que admite ter subestimado o peso emocional que Claire carregava.

O perdão surge, portanto, como processo, não como alívio imediato. Claire se permite ser vulnerável e, pela primeira vez, exige ajuda real — e a recebe.

Crítica: vale à pena assistir Um. Natal. Surreal. no Prime Video?

O que muda no Natal seguinte?

O filme encerra mostrando que a família, enfim, adota novas tradições. Channing passa a conduzir parte das celebrações, todos colaboram no preparo da ceia e Jeanne, antes rival, torna-se presença constante após o início do namoro entre Sammy e Lizzie. Claire não abandona o amor pelo Natal, mas passa a vivê-lo com menos carga e mais partilha.

“Um. Natal. Surreal.” funciona como uma reflexão leve sobre responsabilidades invisíveis e sobre a necessidade de dividir tarefas para manter vivo o espírito natalino.