Um Corpo no Sótão (Body in the Attic, 2023), filme do Lifetime Movies dirigido por Damián Romay, acompanha a história de Phoebe, uma mulher casada que mantém um relacionamento extraconjugal com Lucas. Quando decide abrigar o amante no sótão de sua casa, a situação começa a sair do controle. A morte repentina de Lucas, encontrada por Phoebe no esconderijo, desencadeia uma série de suspeitas e tensões psicológicas. A protagonista passa a desconfiar que seu marido, Ethan, descobriu o caso e está manipulando os acontecimentos.
A trama gira em torno da dúvida sobre quem realmente sabe da traição e qual é a verdadeira causa da morte de Lucas. A tensão doméstica cresce a partir de um cenário fechado, sustentando a narrativa em cima de interações contidas, desconfianças e revelações graduais.
A construção narrativa de Body in the Attic
O roteiro se apoia em elementos comuns ao formato dos thrillers de mistério produzidos pelo canal Lifetime. O drama psicológico entre os três personagens principais é conduzido de forma linear, sem saltos temporais ou tramas paralelas. O desenvolvimento dos acontecimentos foca principalmente na percepção de Phoebe, mantendo a dúvida constante sobre a confiabilidade de sua perspectiva.
A estrutura narrativa favorece o suspense, com o uso de cenas silenciosas e situações ambíguas para intensificar o sentimento de vigilância e paranoia. As informações são entregues em ritmo cadenciado, favorecendo a progressiva tensão entre os personagens centrais.
Atuação e personagens
Abigail Hawk interpreta Phoebe com foco nas expressões contidas e nas mudanças comportamentais ao longo da narrativa. A personagem é retratada como alguém dividida entre culpa, medo e insegurança. Donny Boaz assume o papel do marido Ethan, cuja postura ambígua serve de base para a dúvida do espectador. Já Marc Herrmann aparece como o amante Lucas, figura essencial para o conflito central.
Os três personagens compõem o núcleo dramático do filme, que opta por reduzir ao mínimo a presença de coadjuvantes. Esse foco contribui para manter a atenção no núcleo de tensão e reforça a atmosfera de isolamento.
Direção e ambientação
Dirigido por Damián Romay, Body in the Attic utiliza a casa como cenário quase exclusivo. O uso de espaços fechados e ângulos que sugerem observação constante ajuda a construir o ambiente de suspense. A direção evita cenas com movimentação exagerada e aposta em enquadramentos estáticos, explorando o cotidiano de maneira a sugerir desconforto e dúvida.
A fotografia acompanha o tom contido da narrativa, com iluminação voltada para tons frios e sombras discretas. A trilha sonora é pontual, entrando principalmente em momentos de virada dramática.
Temas centrais de Um Corpo no Sótão
Entre os temas abordados estão a infidelidade, a culpa e o medo da exposição. A ideia de confinamento — tanto físico quanto emocional — permeia a história, especialmente quando Phoebe se vê presa em suas próprias escolhas. A dúvida sobre o que é real ou não também ganha força com o avanço da história, mantendo o tom de instabilidade.
O filme discute, ainda que de maneira implícita, o controle psicológico nas relações e o peso do segredo dentro do ambiente doméstico. A decisão de esconder alguém dentro de casa torna-se o catalisador para uma cadeia de acontecimentos que força todos os envolvidos a confrontar suas ações.
Estrutura típica da Lifetime
Um Corpo no Sótão segue a estrutura narrativa e estética característica dos filmes originais do canal Lifetime. A trama é construída em torno de um segredo central, desdobrado aos poucos por meio de conflitos familiares, elementos de mistério e uma protagonista feminina em posição vulnerável. O foco está no impacto emocional da situação, mais do que em revelações espetaculares.
O ritmo moderado e o foco em poucos personagens criam um ambiente propício para explorar a dinâmica psicológica, sem recorrer a cenas de ação ou grandes reviravoltas externas. Esse estilo mantém a consistência com outras produções do canal.
Considerações finais sobre Um Corpo no Sótão (Body in the Attic)
O filme apresenta uma proposta centrada na tensão psicológica construída a partir de um cenário doméstico. Com atuações contidas e narrativa focada em poucos elementos, Um Corpo no Sótão utiliza o espaço do sótão como metáfora para segredos enterrados, culminando em um desfecho que reafirma os temas de desconfiança e fragilidade emocional. A obra se insere na linha de thrillers produzidos pela Lifetime, mantendo os traços característicos do canal.