Tron: Aes (2025) - Crítica do filme com Jared Leto Tron: Aes (2025) - Crítica do filme com Jared Leto

Tron: Ares (2025) | Crítica do Filme

A franquia Tron sempre foi sinônimo de inovação visual e questionamentos sobre os limites entre homem e máquina. Quarenta e três anos após o clássico de 1982, e mais de uma década depois de Tron: O Legado, chega aos cinemas Tron: Ares — dirigido por Joachim Rønning e estrelado por Jared Leto — com a missão de atualizar essa mitologia digital para um mundo obcecado por inteligência artificial e realidades híbridas. O resultado é um espetáculo visual intenso, mas que divide opiniões sobre sua coerência narrativa e emocional.

A trama de Tron: Aren – quando o digital invade o real

A nova produção retoma o universo de Tron a partir de uma inversão conceitual: agora são os programas que atravessam a fronteira e chegam ao mundo físico. No centro da história está Ares (Jared Leto), uma entidade digital criada por Julian Dillinger (Evan Peters), herdeiro da ENCOM e neto do vilão original Ed Dillinger. Usando um laser generativo capaz de materializar código em matéria, Julian planeja vender soldados digitais quase indestrutíveis a governos e corporações.

Do outro lado, Eve Kim (Greta Lee), atual CEO da ENCOM, busca resgatar o legado idealista de Kevin Flynn. Ela tenta reconstituir o chamado “Código de Permanência”, desenvolvido pelo criador da Grid, acreditando que ele pode curar doenças e permitir uma convivência ética entre o real e o digital. O conflito entre Eve e Julian se intensifica quando Ares é enviado para capturá-la, mas acaba questionando sua própria natureza — um programa criado para destruir que desperta empatia e desejo de liberdade.

Filosofia e ação em alta voltagem

Rønning conduz Tron: Ares como uma experiência audiovisual hipnótica, em que o neon e o metal fundem-se à chuva e à carne. O filme alterna entre realidades com fluidez, dissolvendo as fronteiras entre mundos digitais e físicos até que se tornem indistinguíveis. A trilha techno de Trent Reznor e Atticus Ross (Nine Inch Nails) acentua o ritmo frenético e a atmosfera pulsante, embora parte da crítica aponte falta de coesão emocional nas composições.

O roteiro de Jesse Wigutow e David Digilio propõe debates contemporâneos sobre IA generativa, ética tecnológica e controle de criação — temas que ecoam os medos e fascínios do presente. O dilema central, de criadores perdendo o controle sobre suas próprias invenções, reforça o paralelismo com Frankenstein, uma influência assumida pelo filme. Ares, tal como a criatura de Mary Shelley, busca compreender se é apenas uma ferramenta ou algo capaz de sentir.

Tron: Ares entre espetáculo e desconexão

Visualmente, o filme é um triunfo. Os efeitos práticos e digitais se fundem com fluidez, e as sequências de perseguição e combate com as icônicas motos de luz alcançam níveis de energia raros no cinema recente. Ainda assim, há momentos em que Tron: Ares parece se perder dentro de sua própria arquitetura tecnológica. O excesso de transições e o foco na forma sobre a emoção podem afastar parte do público que espera um arco narrativo mais definido.

Tron: Aes (2025) - Crítica do filme com Jared Leto

A performance de Jared Leto, contida e ambígua, reforça o aspecto experimental do longa, mas carece de nuances que transmitam o conflito existencial do personagem. Greta Lee, por outro lado, equilibra a frieza da executiva com sensibilidade suficiente para sustentar a dimensão humana da trama.

Crítica: vale à pena assistir Tron: Ares no cinema?

Um novo ciclo para a franquia

Tron: Ares não é apenas uma continuação, mas uma tentativa de redefinir o que Tron significa em uma era em que o digital já se tornou cotidiano. Ao inverter a lógica da saga e trazer o virtual ao real, o filme propõe que o código e a carne agora coexistem, e que a linha entre eles é cada vez mais tênue.

Se por um lado o longa entrega uma experiência visual arrebatadora e conceitos provocativos, por outro tropeça em ritmo e profundidade emocional. Ainda assim, funciona como um espelho das contradições contemporâneas: tecnologia e humanidade em colisão constante.

Com estreia mundial em 10 de outubro de 2025, Tron: Ares reafirma a relevância da franquia como fábula tecnológica, mesmo que ainda busque encontrar o equilíbrio entre espetáculo e substância.