O gênero collectathon teve seu auge nos meados do Ps1 e, principalmente, Ps2, mas deu uma certa sumida dos holofotes. Nesses jogos, geralmente de plataforma 3D, o jogador precisa sair catando vários colecionáveis enquanto resolve jumping puzzles e enfrenta inimigos. Tinykin, desenvolvido pela Splashteam e lançado pela tinyBuild, resgata um pouco desse estilo, mas de uma forma mais atual e inovadora do seu jeito.
Apesar de sua ideia principal e seu nome lembrarem bastante o clássico Pikmin, Tinykin é bem diferente da sua possível inspiração. No jogo, você controla Milo, um cientista que viaja pelo espaço procurando a origem dos humanos. Ao chegar em um planeta que parece uma casa gigante povoado com insetos, ele vai ter a ajuda dos Tinykin para resolver problemas e montar uma nave. Cada uma dessas criaturinhas tem poderes especiais e podem ser usadas para resolver mini puzzles e desafios de plataforma.
Tinykin tem o principal ingrediente que eu espero em um jogo de plataforma: ser gostoso de controlar. Além de sair andando e pulando por aí, o jogador possui um sabão para correr e deslizar por linhas e bolhas de sabão para planar. Mesmo utilizando personagens em 2D em um cenário 3D, é fácil e prático navegar pelo cenário, sem muito problema com a câmera. Outra vantagem do jogo é a sua pegada mais leve no subgênero colletathon, no qual todas as side quests e coletáveis do jogo são totalmente opcionais, e mesmo o único upgrade que eles oferecem não é necessário para terminar a quest principal. Esse upgrade, claro, facilita um pouco a vida do jogador, oferecendo mais bolhas para facilitar a navegação pelos grandes mapas. Mas eu ignorei completamente isso e não tive problema em terminar o jogo. Apesar de eu ter jogado de forma apressada, consigo ver facilmente as pessoas se empolgando para pegar tudo nele, principalmente por sua facilidade e o sentimento gostoso de controlar o personagem.
O ponto alto do jogo é seu level design. Falando primeiramente do visual, cada fase representa um cômodo da casa e possui uma temática bem diferente, misturando realidade com ficção. Temos uma banheira onde está acontecendo uma pool party e um quarto infantil cheio de atrações de entretenimento, dentre outros. Essas “cidades” são recheadas por tipos diferentes de insetos com suas próprias personalidades e interesses. Os diálogos são, na maior parte das vezes, engraçadinhos, mas nada que vai te fazer gargalhar. Ponto positivo para a localização em português, que adaptou alguns nomes de personagens para a nossa realidade, a fim de trazer um lado cômico mais próximo.
Além de trazer visuais bem únicas nas suas cidades, cada fase possui desafios diferentes para conseguir seus objetivos. Outro fator que facilita a descoberta e o dinamismo é que em toda fase é introduzido um novo Tinykin com um poder diferente. Então você está constantemente sendo apresentado a novas mecânicas simples e suas combinações. Os colecionáveis no cenário e seu visual também incentivam a exploração. Geralmente, se você vai em alguma direção você vai encontrar algo interessante ali. Dessa forma, o jogador sente-se sempre impelido a explorar cada cantinho para ter sempre um pouco mais de lore e colecionáveis. Se eu pudesse reclamar de algo seria a falta de significado das missões extra e dos colecionáveis. O principal upgrade que você ganha ao fazer isso é completamente desnecessário para avançar, e outros troféus só servem para quem está preocupado em ganhar tudo que o jogo tem a oferecer. Caso o jogo oferecesse upgrades, poderes ou visuais diferentes eu me sentiria mais motivado a fazer as coisas extras. Como não sou o público-alvo desse tipo de jogatina, deixei de lado os desafios extras sem o menor remorso.
Outro ponto em que o jogo peca, mas que não teve muita importância para mim, é na sua história. Apesar do gameplay e do tom dos diálogos ser bem leve, lá para o final o jogo entra em alguns temas muito pesados e profundos sem necessidade. Só no fato dele tratar de religião desde o começo eu já achava bizarro, mas, ao chegar no fim, tem até umas pegadas de horror cósmico totalmente descabidas e sem sentido. No caso desse jogo, eu não estava muito preocupado com a história, então isso não incomodou.
Em resumo, Tinykin é um joguinho muito gostoso e relaxante de jogar. Seu visual, sua música, seus diálogos e sua gameplay trabalham muito bem em conjunto para trazer uma experiência completa de diversão descompromissada, lembrando até uma época em que os videogames eram mais simples. Só o fato do jogo não ter estado de falha nem combate também ajuda muito nesse seu sentimento de algo agradável. Apesar do tom da história fugir bastante da proposta do gameplay, isso não atrapalha a experiência final. Ele poderia ter mais incentivo para coletar os extras, mas aqueles jogadores mais “complecionistas” vão encontrar aqui um prato cheio para saciar sua fome de colecionáveis. Para aqueles que pretendem só seguir a história principal, ele não deve demorar mais que 5 horas e um pouquinho. Vale muito a pena para quem quer uma experiência simples e divertida no Gamepass.