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The One: pode a tecnologia nos indicar o amor ideal?

E se existisse um aplicativo que indicasse a pessoa ideal para você apenas usando um traço do seu DNA? Além de revolucionar a programação do Programa do Ratinho, podemos imaginar uma porção de possibilidades para as relações humanas a partir desse recurso, e é pensando em algumas delas que The One, série exclusiva da Netflix, consegue trazer um entretenimento com certa qualidade.

A trama apresenta Rebecca Webb (Hannah Ware), a CEO do aplicativo que dá nome ao show e tem essa nada modesta proposta para seus clientes: envie alguns fios do seu cabelo e em breve descubra o potencial amor da sua vida. Webb é bem-sucedida, a maior sensação da atualidade dentro do seu meio, mas logo vemos que uma teia de mistérios que envolve seu passado com a aparição de um cadáver. Ao mesmo tempo,  temos o jogo de poder envolvendo a influencia do app na sociedade, onde o governo britânico quer regulamentar a empresa devido ao aumento do número de divórcios.

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A magnata Rebecca Webb explicando como seu app funciona

Esse crescimento nas separações vai na contramão do que a empresa promete, que é a assertividade na hora da escolha do parceiro ou da parceira. Para quem já estava num relacionamento antes do app (com o agravante de que qualquer relação acaba entrando numa inevitável banalização do outro), a curiosidade em descobrir o que o programa tem a dizer acaba sendo aguçada, levando a esses rompimentos supracitados.

Esses ensaios sobre o “efeito Tinder” na sociedade são bem legais. Black Mirror (outra exclusiva da Netflix), por exemplo, teve no episódio “Hang the DJ” uma ótima reflexão sobre o que faz e como se constrói um relacionamento ideal para as duas pessoas. Já em The One, ainda que trabalhando a condição humana tal qual o programa de Charlie Brooker, as coisas são um pouco mais mastigadas para o espectador (e isso não é exatamente um problema).

Comparando com o que temos atualmente, o app da série está alguns passos à frente do Tinder, Facebook Namoro, Baddoo etc. Isso porque ele elimina todo o processo de curadoria que precisamos fazer até achar a pessoa ideal. Isso economiza muito tempo, onde não precisamos ler que aquela moça é “mãe de um príncipe” ou então escapar daquele cara tarado que se diz fotógrafo só para conseguir fotos íntimas de mulheres oferecendo ensaios grátis.

Isso confere aos donos da empresa poderes quase que imperiais dentro da sociedade britânica, onde eles podem atuar como se não se importassem com o que as figuras públicas têm a dizer, uma vez que são eles os detentores do verdadeiro prestígio da população. Nesse aspecto, a série consegue emular com dignidade os verdadeiros comandantes do capitalismo na atualidade: as mega companhias.

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Os detetives que precisarão desvendar o mistério em The One

Para dar sentido a todo esse conceito, a série segue uma linha narrativa semelhante a How to Get Away with Murder, onde vamos conferindo pistas do que aconteceu no passado para ir desvendando o futuro dessa bagunça toda iniciada com um cadáver. Vale destacar também que The One é uma adaptação do romance homônimo de John Marrs. Não pude conferir ainda essa obra, mas, sendo fiel ou não, a série da Netflix conseguiu minha atenção para acompanhar os episódios restantes.

Em outras palavras: deu match.