A estreia de The Mighty Nein no Prime Video marca um novo momento nas adaptações animadas do universo de Critical Role. Após o sucesso de The Legend of Vox Machina, a nova série amplia a escala narrativa ao apostar em um tom mais denso, uma construção de mundo detalhada e personagens marcados por conflitos internos. A temporada inicial adapta o início da Campanha 2, respeitando os pilares do RPG original enquanto molda algo próprio para o audiovisual. Confira a crítica do início da série:
The Mighty Nein
Uma história sobre segredos, guerra e escolhas difíceis
Ambientada duas décadas após os eventos de Vox Machina, a trama apresenta um mundo prestes a mergulhar em um conflito político entre a Dinastia Kryn e o Império Dwendalian. O desaparecimento do Farol, uma relíquia central para a Dinastia, funciona como o estopim desse cenário. Nesse contexto, o grupo que dá nome à série surge quase por acidente. Caleb, Beau, Jester, Fjord, Nott, Mollymauk e Yasha chegam à narrativa carregando traumas, luto, culpa e segredos que moldam cada interação.
Um dos elementos mais marcantes da série é justamente a recusa em apresentar heróis prontos. Ao contrário de Vox Machina, onde já existia uma coesão entre os integrantes, The Mighty Nein acompanha personagens que mal confiam uns nos outros e que, por boa parte da temporada, reagem aos acontecimentos mais do que os conduzem. Essa fragilidade transforma cada avanço da equipe em algo conquistado com esforço narrativo.
Transformando caos em estrutura
A Campanha 2 do Critical Role é lembrada por sua energia caótica, e a adaptação encontra formas de transformar esses trechos em narrativa coerente. O ritmo segue acelerado — o grupo corre de um problema para outro, lidando com explosões, perseguições, facções rivais e investigações —, mas a série evita excessos e prioriza motivações claras para cada movimento.
Os episódios de 45 minutos permitem que as cenas de ação convivam com momentos introspectivos. Beau investiga enquanto tenta entender seus limites; Caleb enfrenta as sombras do passado; Fjord busca controlar poderes que desconhece; Jester, sempre comunicativa, revela fragilidades que antes ficavam ocultas. Até Nott tem um desenvolvimento mais explícito do que no início da campanha original.
Construção de mundo e visual da série
A temporada expande o continente de Wildemount com foco nos contrastes entre regiões, crenças e disputas políticas. A Dinastia Kryn, Zadash e Nicodranus ganham vida com cenários detalhados, reforçando a sensação de um território complexo. Os sistemas de magia também recebem um tratamento cuidadoso, com efeitos visuais pensados para diferenciar tipos de feitiço e intensidades de poder.
O estúdio Titmouse entrega sequências fluidas e diretas, destacando estilos de combate distintos e a fisicalidade dos Volstruckers. A ambientação noturna de Zadash, o carnaval itinerante e os esconderijos subterrâneos reforçam a atmosfera da narrativa.

Elenco e performances
O elenco original de Critical Role volta a interpretar seus personagens, e o envolvimento emocional de cada dublador é perceptível. Matthew Mercer assume um papel maior como o Cavalheiro, marcando presença com segurança. A temporada também inclui participações especiais que ampliam o escopo dramático da adaptação.
Crítica: vale à pena assistir The Mighty Nein no Prime Video?
The Mighty Nein chega ao Prime Video consolidando a evolução das adaptações de Critical Role. A série aposta nas jornadas pessoais, nas fragilidades e nas tensões políticas para criar uma narrativa que se sustenta tanto para novos espectadores quanto para fãs antigos. Ao focar nos personagens acima do espetáculo, a temporada estabelece identidade própria dentro do universo de Exandria e abre caminho para desdobramentos futuros.